Ameaças ao aeroporto de Cabul permanecem "reais" e "específicas"
O porta-voz do Pentágono, John Kirby, disse hoje que as ameaças ao aeroporto de Cabul permanecem "reais" e "específicas", na véspera da retirada dos Estados Unidos do Afeganistão.
"Esta tem sido sempre uma operação perigosa, mas estamos num momento particularmente perigoso. As ameaças ainda são reais, atuais e muitas vezes específicas. Estamos em comunicação com os talibãs para garantir que não haja erros ou mal-entendidos", afirmou, num 'briefing' à imprensa.
O responsável recusou-se a dizer quando é que a retirada total dos EUA, prevista para terça-feira, entraria em vigor.
Desde o ataque de quinta-feira nos arredores do aeroporto, reivindicado pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico da província de Khorasan (ISKP, na sigla em inglês) -- e que matou mais de 100 pessoas, incluindo 13 soldados norte-americanos, o exército dos EUA disse ter impedido um novo atentado com um carro armadilhado no domingo e contrariado o disparo de foguetes hoje no aeroporto de Cabul.
"O Pentágono lançou uma investigação sobre o ataque de domingo, que o Washington Post disse ter feito 10 vítimas mortais, incluindo várias crianças, todos membros da mesma família.
"Estamos a investigar. Se tivermos informação verificável de que tiramos a vida a inocentes, seremos transparentes", garantiu Kirby.
O porta-voz do Departamento de Defesa norte-americano prosseguiu dizendo que "ninguém quer esse tipo de coisas", mas "houve um ameaça muito real, muito específica e muito iminente no aeroporto", às forças de segurança e aos civis em redor do local.
O general Hank Taylor disse que mais de 122.000 pessoas tinham sido retiradas do Afeganistão desde julho, incluindo 5.400 norte-americanos.
Os atentados foram reivindicados pelo ISKP, ramo afegão do movimento 'jihadista' Estados Islâmico (EI).
Os talibãs conquistaram Cabul em 15 de agosto, concluindo uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO.
As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista (1996-2001), que acolhia no território o líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.
A tomada da capital pôs fim a uma presença militar estrangeira de 20 anos no Afeganistão, dos Estados Unidos e aliados na NATO, incluindo Portugal.