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Turquia avalia proposta dos talibãs para garantir operação de retirada

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O Presidente turco anunciou hoje que a Turquia contactou os talibãs e está a avaliar uma proposta afegã para que os turcos garantam a operação do aeroporto da capital após a retirada dos Estados Unidos.

"Tivemos as nossas primeiras conversações com os talibãs, que duraram três horas e meia", disse Recep Tayyip Erdogan durante uma conferência de imprensa transmitida em direto pelo canal de televisão NTV.

"Se for necessário, teremos a oportunidade de repetir reuniões deste tipo", acrescentou Erdogan.

Erdogan disse que as negociações ocorreram numa secção militarizada do aeroporto de Cabul, onde a embaixada turca foi temporariamente instalada.

Reagindo às críticas na Turquia sobre as relações de Ancara com os talibãs, Erdogan disse que o país não podia "se dar ao luxo" de ficar parado de braços cruzados numa região tão volátil e nem tem de pedir permissão a alguém para o fazer.

"Não é possível saber quais são as expectativas deles ou quais são as nossas sem manter conversações. O que é diplomacia, meu amigo? Isso é diplomacia", disse o Presidente turco.

A Turquia considerou ajudar a proteger e administrar o aeroporto na capital afegã, mas na quarta-feira começou a retirar as suas tropas do Afeganistão, insinuando que estava a abandonar esta decisão.

Erdogan explicou que os talibãs agora queriam controlar a segurança no aeroporto e, ao mesmo tempo, propuseram a Ancara garantir a sua logística.

O Presidente turco sublinhou que o duplo atentado suicida que matou pelo menos 95 pessoas na quinta-feira, incluindo 13 soldados norte-americanos junto do aeroporto, revelou a importância de saber em detalhes como será a segurança daquela infraestrutura.

"Os talibãs disseram: 'vamos fornecer a segurança, vocês fazem funcionar [o aeroporto]'. Não tomamos ainda uma decisão sobre esse assunto", disse Erdogan.

"Vamos tomar uma decisão assim que a calma retornar", declarou.

Os talibãs conquistaram Cabul em 15 de agosto, concluindo uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO.

As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista (1996-2001), que acolhia no território o líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.

A tomada da capital pôs fim a uma presença militar estrangeira de 20 anos no Afeganistão, dos Estados Unidos e aliados na NATO, incluindo Portugal.