10 anos depois…

Fez dia 26 de agosto dez anos que partiu o Pe. Nuno Ferreira Felipe, O H.

Não sei, mas atrever-me-ia a dizer que é um dos homens mais notáveis do Portugal da sua boa geração, para os crentes como eu e não crentes. Na Madeira, nos Açores, no Continente, onde quer que ele estivesse, era notória a admiração, crédito e respeito generalizado que todos por ele evidenciavam.

Recordo com saudade as dezenas de encontros, reuniões e debates em que sempre participou, de onde sobressaia o seu valioso saber e a sua invejável tolerância diferencial.

Lembro-me também das inúmeras “orações da manhã” que ouvia através do Posto Emissor do Funchal, quando despertava com um simples “irmão rezemos juntos”. Estas orações eram um conforto, verdadeiras palavras de um homem de Deus para todos quantos sofriam e precisavam dum lenitivo para o seu sofrimento, a para todos quantos necessitavam de meditar profundamente nos sinais dos tempos e deles haurir exemplo, lição e força para pautar a sua conduta cristã.

Lembro-me dos inúmeros livros seus que guardo religiosamente, mantendo dois deles na minha cabeceira.

Lembro-me dos seus inúmeros artigos de opinião espalhados por jornais regionais, nacionais e até internacionais.

Lembro-me das suas inúmeras conversas ao telefone - só Deus sabe o quanto me ajudou a resolver e a decidir sobre tantas e tantas coisas.

Lembro-me das semanas de campo em que com ele participei e que considero verdadeiramente enriquecedoras.

Lembro-me do seu feitio bem-humorado, do seu temperamento alegre, da sua disponibilidade, da sua dedicação a todos, à juventude e principalmente aos doentes mentais, aos amigos. Recordo com muita saudade as suas capacidades de conciliar, agregar, reunir, escrever e mobilizar.

Que bom foi ter um amigo como o P. Nuno Filipe.

O Irmão Aires Gameiro O.H. uma vez escreveu “pode-se dizer que Pe. Nuno Filipe foi o Irmão de São João de Deus em Portugal que mais divulgou a vida e obra de São João de Deus e mais apresentou as várias facetas da vocação do Irmão de São João de Deus com a particularidade que viveu sempre de alma e coração na fidelidade e generosidade”.

Nos últimos anos da sua vida chamava-me “o meu amigo” - é com muito carinho que hoje o tenho presente na minha vida.

Tomás Freitas