Artigos

Matriz Popular - verdadeira essência

Matriz Popular- verdadeira essência A cada ciclo eleitoral verifica-se a oportunidade de avaliar o ciclo político anterior e as suas perspetivas futuras. Inevitavelmente é tempo de decisões, de reconfigurações das forças políticas, sociais e projetar aquilo que se perspetiva para os anos vindouros enquanto coletividade.

Apesar de mal-amada, a política é o instrumento através do qual se podem operar as mudanças e transformações sociais. A iniciativa privada, os empresários e aqueles que decidem fazer vida profissional privada, sem esperar pelo Estado, são fundamentais na dinamização da economia e na criação de riqueza. Porém, sem um poder político que os envolva integrando-os numa estratégia de criação de riqueza e transformação, todo o esforço e potencial não será aproveitado. Esse desaproveitamento além de provocar o empobrecimento generalizado, coloca todos os criativos e dinamizadores à mercê dos projetos populistas que por aí começam a surgir. Não tenham dúvidas: aqueles que hoje alimentam os populistas são as instituições tradicionais sem capacidade de fazerem uma rutura com os erros do passado recente.

Num sentido amplo, o sucesso e satisfação dos eleitores para com os seus sistemas políticos está intimamente ligado à valorização que estes fazem da sua classe política em dois aspetos: primeiro o mérito apresentado pelos candidatos aos cargos públicos no exercício das suas vidas até aquele momento; em segundo a capacidade interagir, integrar e mobilizar a população para os desafios coletivos.

A população não quer políticos distantes ou vaidosos. A população prefere um político que sinta os anseios coletivos como sendo seus utilizando o poder, conferido pelo voto, para desenvolver aquilo que está ao seu alcance.

O maior mérito da Autonomia Política conquistada pelo Povo Madeirense foi a capacidade de transformar uma sociedade fechada, hierarquizada e estigmatizada numa sociedade de oportunidades. Uma sociedade em que o elevador social funciona onde, através da escola pública, crianças e jovens de meios socioeconómicos muito diferentes alcançam os seus objetivos. Diria mesmo que qualquer reversão neste princípio representaria a morte de todas as conquistas protagonizadas pela Autonomia, para não dizer a morte desta.

O ciclo eleitoral já iniciado contribuirá muito para avaliar aquilo que coletivamente pensamos sobre a vida em comunidade. Sobre a qualidade de vida que queremos ter e, inevitavelmente, sobre de que forma queremos o exercício do poder na nossa terra. Não podemos esquecer que o poder local é a base de toda e qualquer Democracia.

Longe vão os tempos em que os políticos decidem do alto dos seus gabinetes ou diretórios. O contacto e a transparência para com o cidadão são vitais para densificar o grau de satisfação dos eleitores quando questionados sobre os eleitos. O tempo é de pôr as mãos à obra. Ninguém tem disponibilidade para políticos cinzentos, de lamúrias, “bilhardices” que põem os seus interesses ou agendas pessoais à frente do interesse público.

Aqueles que diariamente trabalham querem gente abnegada e dedicada que apresente soluções aos problemas diários. Porque a matriz popular, muito cara à política, não se compadece com “status quo” atribuídos por títulos, menções ou fidalguias. A matriz popular compadece-se sim com uma atitude reformista, altruísta e solidária de quem decide. E quem não age assim não passa de um proto político que esquece a verdadeira essencial desta atividade: a política é a vontade do Povo para, através dos seus representantes, concretizarem o bem comum e as grandes opções coletivas. Tudo o que saia disto, mancha a política.