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EUA acusam grupo Estado Islâmico de autoria do atentado em Cabul

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O chefe do Comando Central dos Estados Unidos (CENTCOM), general Kenneth McKenzie, atribuiu ao grupo extremista Estado Islâmico (EI) a autoria do duplo atentado bombista e do ataque armado de hoje junto ao aeroporto de Cabul.

Numa conferência de imprensa no Pentágono na qual interveio por videoconferência, o general disse que suicidas do EI detonaram bombas fora do aeroporto da capital afegã, o que foi seguido de um ataque com armas de fogo.

Segundo o general, pelo menos 12 soldados norte-americanos morreram e 15 ficaram feridos no atentado que fez dezenas de vítimas, cujo total se desconhece ainda, variando o número de acordo com a fonte dos relatos.

McKenzie advertiu que há ainda "uma série de ameaças ativas" contra o aeroporto de Cabul, que vão de um possível ataque com foguetes a um atentado com um veículo armadilhado.

O Governo de Washington responsabiliza pelo ataque de hoje, em particular, o ramo afegão do EI, que se autodenomina Estado Islâmico da Província de Khorasan (ISKP, na sigla em inglês), que nos últimos anos perpetrou atentados principalmente contra a minoria xiita e também enfrentou os talibãs e as forças norte-americanas, contando com cerca de 2.000 membros nas suas fileiras.

O EI surgiu no Afeganistão em 2015, adquirindo mais força em diversos pontos do país, e criou o seu principal bastião em Nangarhar, zona fronteiriça com o Paquistão e chave nas comunicações entre os dois países.

O grupo extremista, composto em grande parte por antigos talibãs, anunciou a sua expansão à região de Khorasan, que historicamente compreende zonas do atual Irão, Afeganistão e Paquistão, e começou a cometer atentados contra civis, bem como contra as forças norte-americanas, afegãs e paquistanesas.

Tal como no Médio Oriente e em África, o EI não respeita as delimitações ou designações dos países e tenta conquistar e expandir-se a territórios além das fronteiras nacionais.

No entanto, ao contrário de outros ramos do EI, o grupo de Khorasan tem sido menos visível a nível mediático, por ser menos ativo na Internet e fazer menos propaganda.

As forças norte-americanas e afegãs realizaram várias operações contra estes 'jihadistas' e inclusive mataram o seu líder em julho de 2016, tendo depois os Estados Unidos lançado, em junho de 2017, "a mãe de todas as bombas" contra o bastião do grupo em Nangarhar.

Também os talibãs realizaram operações contra o ISKP, que estava menos ativo e quase chegou a ser erradicado em 2019, depois dos "sucessivos reveses militares" a partir de 2018, segundo um relatório recente do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Contudo, a ONU alertou este ano que, desde junho de 2020, o novo líder do grupo, Shahab al-Muhajir, "permanece ativo e é perigoso", capaz de "recrutar talibãs descontentes e outros militantes para engrossar as suas fileiras".

Desde 2015, o ISKP reivindicou cerca de 100 ataques contra civis no Afeganistão e no Paquistão e protagonizou cerca de 250 confrontos com forças locais, com os talibãs e com tropas dos Estados Unidos.