PUB
PUB
Coronavírus País

Terceira dose só faz sentido com vacina actualizada, defende investigador

None

A administração generalizada de uma terceira dose só faz sentido com uma vacina contra a covid-19 atualizada às novas variantes do vírus SARS-CoV-2, defendeu hoje o investigador Miguel Castanho, para quem persistir nas mesmas vacinas "é chover no molhado".

"Não creio que seja necessário, a breve trecho, uma terceira dose de forma generalizada - eventualmente para doentes do sistema imunitário, sim - e, em minha opinião, só faz sentido considerar essa hipótese para uma vacina atualizada", adiantou à Lusa o investigador do Instituto de Medicina Molecular da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.

PUB

Segundo disse, a administração generalizada na população de uma dose de reforço com as vacinas que já estão a ser utilizadas é "chover no molhado", face às novas variantes do coronavírus que provoca a covid-19, caso da Delta, predominante em Portugal e considerada mais transmissível.

"A imunidade conferida pelas vacinas em uso neste momento durará tempo suficiente para se atualizar, produzir e distribuir as vacinas atualizadas", defendeu Miguel Castanho.

Já para José Aranda da Silva, especialista em indústria farmacêutica e antigo bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, a evolução da pandemia "será favorável" nos próximos meses, uma vez que os "dados referentes à vacinação são muito positivos", mas admitiu a possibilidade de um reforço da imunização.

"A evolução será favorável, mas possivelmente teremos de ter um reforço da vacinação. Até ao momento, as notícias sobre medicamentos que possam erradicar a doença, como acontece com outros vírus, não são animadoras", disse à Lusa o primeiro presidente do Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed).

Segundo Aranda da Silva, como acontece em todos os medicamentos, a eficácia das vacinas contra a covid-19 não é de 100%, "pelo que haverá sempre uma parte da população que não fica imunizada".

"Esta é uma realidade com todas as vacinas e a verdade é que, mesmo assim, com as vacinas conseguimos erradicar do planeta doenças infecciosas que foram devastadoras para a população de diversos continentes durante séculos", salientou o especialista.

O virologista José Miguel Pereira reitera também que a vacina contra a covid-19 não confere 100% de imunidade, uma vez que "há sempre um grupo de indivíduos que não adquirem a capacidade de criarem uma resposta imunologicamente competente para este agente viral".

Segundo o especialista, as vacinas atualmente em uso, sendo eficazes a prevenir a covid-19, "não permitem aparentemente evitar que o vírus SARS-CoV-2 infete e colonize as células das vias respiratórias dos vacinados", apesar de se tratar, na maioria dos casos, de infeções assintomáticas ou benignas.

PUB

No entanto, diversos estudos revelam que as pessoas vacinadas e que ficam infetadas possuem menores cargas virais e de menor duração nas vias respiratórias, adianta o investigador.

"Ou seja, a probabilidade de haver transmissão a partir de um hospedeiro vacinado que tenha sido infetado é muito menor do que a que se verifica quando essa infeção ocorre num hospedeiro não vacinado", assegura José Miguel Pereira.

A administração de uma terceira dose de vacina contra a covid-19 pode vir a ser administrada a dois grupos distintos da população, admitiu quarta-feira a diretora-geral da Saúde (DGS), Graça Freitas.

"A questão da terceira dose tem duas componentes: para os imunosuprimidos é uma outra oportunidade de ficarem imunizados; para as pessoas que tiveram a sua vacinação, mas porque são velhos, doentes ou terem outra condição que não os deixou duradouramente protegidos, está a ser equacionado um reforço. São estes estudos que estão a ser feitos e que têm muito a ver com a duração da imunidade", afirmou a responsável da DGS.

A covid-19 provocou pelo menos 4.461.431 mortes em todo o mundo, entre mais de 213,79 milhões de infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.

Em Portugal, desde março de 2020, morreram 17.689 pessoas e foram contabilizados 1.028.421 casos de infeção confirmados, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.

A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em países como o Reino Unido, Índia, África do Sul, Brasil ou Peru.


Podcasts

×