África triplicou vacinas mas processo ainda é demasiado lento, avança OMS
África triplicou na última semana o número de vacinas contra a covid-19 administradas, embora proteger até 10% do continente até ao final de setembro continue a ser "uma tarefa muito assustadora", disse hoje a diretora da Organização Mundial de Saúde (OMS) regional.
Entretanto, o continente assistiu a 248.000 novos casos confirmados na última semana, com pelo menos 28 países a assistir a um surto de infeções impulsionadas pela variante Delta.
"Esta é uma tragédia evitável se os países africanos conseguirem um acesso justo às vacinas", disse Matshidiso Moeti aos jornalistas.
A diretora da OMS para África disse que foram administradas 13 milhões de vacinas na semana passada, três vezes mais do que o número de doses administradas na semana anterior, uma vez que aumentaram as doações a partir dos países desenvolvidos. Mas isso continua a ser uma gota num oceano num continente com 1,3 mil milhões de pessoas, onde, segundo o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), apenas 2,4% estão atualmente vacinados.
África receberá 117 milhões de doses nos próximos meses, mas serão necessários mais 34 milhões para atingir o objetivo de 10% de vacinação, acrescentou Moeti.
Além disso, a responsável instou os países africanos a aumentarem a sua capacidade para utilizar vacinas quando estas chegarem. "Nenhuma dose preciosa deve ser desperdiçada", advertiu.
O brutal ressurgimento da doença em África, impulsionado pela variante Delta, está a sobrecarregar ainda mais os sistemas de saúde já no limite em todo o continente. Enquanto os países africanos lutam, os Estados Unidos e outros países de elevado rendimento estão a falar de vacinas de reforço.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, considerou recentemente "inconsciente" que alguns países estejam a oferecer injeções de reforço "enquanto tantas pessoas permanecem desprotegidas".
"Penso que é muito difícil para nós falarmos de doses de reforço em África", disse hoje Moeti.
"Ainda não cobrimos sequer 5% da população com as vacinas iniciais necessárias para abrandar a propagação do vírus e, mais importante ainda, parar o que pensamos ser uma quarta vaga que se avizinha", comentou.
África regista 191.818 mortes por covid-19, num total de 7.620.106 casos desde o início da pandemia, segundo dados do CDC África.
A covid-19 provocou pelo menos 4.461.431 mortes em todo o mundo, entre mais de 213,79 milhões de infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em países como o Reino Unido, Índia, África do Sul, Brasil ou Peru.