Países Baixos juntam-se a países que cessam operações em Cabul
Os Países Baixos juntaram-se hoje a outros países europeus que suspenderam ou anunciaram a suspensão do seu envolvimento na operação de resgate de estrangeiros e afegãos em curso no aeroporto de Cabul.
Numa carta ao parlamento, os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa informaram que o governo vai suspender hoje os voos, a pedido dos Estados Unidos.
"Os Países Baixos foram hoje informados pelos EUA que têm de partir e provavelmente irão organizar os últimos voos ainda hoje", disseram os ministros na carta, segundo a agência France-Presse (AFP).
A França confirmou hoje que a sua operação no Afeganistão termina na sexta-feira à noite, com a saída dos militares franceses ainda no país.
Uma fonte governamental francesa citada pela AFP disse que este prazo foi "imposto pelos norte-americanos".
O resgate de afegãos terá lugar até hoje à noite ou sexta-feira de manhã, "algumas horas" antes da partida dos militares e dos funcionários diplomáticos no terreno, de acordo com a mesma fonte.
A Dinamarca também anunciou o fim do seu envolvimento na operação.
O ministro da Defesa, Trine Bramsen, disse na quarta-feira à noite que o último voo operado pela Dinamarca já tinha saído de Cabul com cerca de 90 pessoas, além dos últimos soldados e diplomatas que tinham sido enviados para ajudar na operação.
A Bélgica anunciou igualmente que as suas operações terminaram na quarta-feira à noite.
O primeiro-ministro belga, Alexander de Croo, disse hoje que a decisão foi motivada pelo elevado risco de ataques terroristas no aeroporto de Cabul.
Numa conferência de imprensa, De Croo afirmou que a situação no aeroporto piorou seriamente na quarta-feira.
De Croo disse que os EUA e outras fontes avisaram a Bélgica do risco de um ataque iminente, pelo que o Governo decidiu terminar a operação de evacuação na quarta-feira à noite.
"Tivemos muitos contactos com países parceiros e vimos que outros países adotaram a mesma abordagem que a Bélgica: diminuir, parar o número de voos de Cabul para Islamabad", disse De Croo, referindo que a segurança sempre foi a sua prioridade.
"Ontem [quarta-feira], tendo em conta a situação de segurança, e com base nas indicações recebidas de parceiros internacionais, não tivemos outra escolha senão deixar o aeroporto de Cabul. Fomos informados por equipas no terreno que outras nações começaram a retirar o seu pessoal militar e consular de Cabul", acrescentou a ministra da Defesa, Ludivine Dedonder, citada peça agência espanhola EFE.
Também a Turquia iniciou a retirada das suas tropas do Afeganistão na quarta-feira, depois de 19 anos na missão da NATO liderada pelos Estados Unidos, anunciou o Ministério da Defesa turco.
"Depois de vários contactos e de avaliar a situação e as condições atuais, as Forças Armadas da Turquia começaram a retirada", informou o Ministério.
O Governo britânico optou por não revelar o dia em que terminará as operações em Cabul, justificando que pretende evitar uma corrida desesperada de afegãos ao aeroporto.
Mas o secretário da Defesa, Ben Wallace, já tinha admitido, na segunda-feira, que a operação em Cabul passava a ter de ser medida "por horas, e não por semanas", por depender da estrutura de segurança que as forças norte-americanos têm no terreno.
"Quando eles [EUA] se retirarem, levarão a estrutura...e nós teremos de partir também", disse Wallace na véspera da cimeira do G7 em que os Estados Unidos informaram os seus parceiros que iriam respeitar o prazo de 31 de agosto para abandonarem o Afeganistão.
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, disse na quarta-feira à noite que ainda havia 1.500 cidadãos dos Estados Unidos à espera para sair do Afeganistão, de um total de 6.000 que manifestaram intenção de sair.
Segundo números divulgados pelos EUA na quarta-feira, 82.300 pessoas já tinham sido retiradas por forças ocidentais de Cabul desde o início da crise.
A operação de resgate de estrangeiros e de afegãos, sobretudo os que trabalharam para governos estrangeiros ou organizações internacionais, começou no dia 14, na véspera de os talibãs assumirem o poder em Cabul.