Cerca de uma dezena de desaparecidos e três corpos encontrados ao largo das Canárias
Cerca de uma dezena de migrantes estão dados como desaparecidos ao largo do arquipélago espanhol das Canárias, informou hoje a guarda costeira espanhola, confirmando que foram encontrados na zona os corpos de outros três migrantes.
Os corpos recuperados são de três mulheres migrantes e foram localizados a leste da ilha de Lanzarote, no arquipélago espanhol das Canárias.
De acordo com uma porta-voz da guarda costeira espanhola, citada pelas agências internacionais, foram resgatados hoje de madrugada a leste da ilha de Lanzarote "28 migrantes de origem magrebina", que estavam a bordo de uma pequena embarcação precária.
A porta-voz explicou que, segundo os depoimentos recolhidos junto dos migrantes resgatados, estariam 39 pessoas a bordo da pequena embarcação, o que levou as autoridades espanholas a acionarem uma operação de busca para tentar detetar os migrantes desaparecidos.
Entre as 28 pessoas resgatadas estavam duas mulheres, dois menores e 24 homens.
Um menor e três homens que apresentava sinais de hipotermia foram transferidos para um hospital, informaram os serviços de emergência médica locais na rede social Twitter.
Algumas horas mais tarde, a cerca de 80 quilómetros da ilha de Gran Canaria, também no arquipélago das Canárias, foi avistada e resgatada outra embarcação precária que tinha a bordo 46 migrantes, incluindo um bebé e uma criança do sexo feminino.
Após o resgate realizado pelas equipas espanholas de salvamento marítimo, os migrantes foram reencaminhados para a ilha de Gran Canaria.
Segundo a agência espanhola EFE, uma das duas crianças resgatadas apresentava um estado de saúde instável e frágil.
A rota da África Ocidental, que atravessa o Atlântico e a costa oeste de África até às Canárias, é conhecida por ser extremamente perigosa, por causa das fortes correntes marítimas.
Mesmo com tais perigos, esta rota tem atraído cada vez mais migrantes, sobretudo provenientes de países da África subsaariana, que desejam chegar ao território europeu, a grande maioria a bordo de embarcações muito precárias e sobrelotadas.
Apesar do reforço dos controlos e das restrições de movimento associadas à pandemia de covid-19, os fluxos migratórios para a Europa não pararam.
Quase 2.000 migrantes chegaram de forma irregular a Espanha nos primeiros 15 dias de agosto, elevando para mais de 18.443 o número de entradas irregulares registadas desde o início do ano, divulgou, na semana passada, o Ministério do Interior espanhol.
Este valor total representa um aumento de 54,1% em comparação com o período homólogo de 2020.
Segundo os mesmos dados, a maioria dos migrantes que chegaram até meados de agosto ao território espanhol fê-lo por mar: 17.060 pessoas, a bordo de 1.101 embarcações.
Em termos homólogos, este número representa um aumento de 61,5% em relação ao ano passado.
Só para as Ilhas Canárias, os dados apontam para a chegada, até 15 de agosto, de 8.222 migrantes, mais do dobro em relação ao mesmo período de 2020.
De acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM), entre o início do ano e o dia 20 de agosto, pelo menos 428 pessoas morreram quando tentavam fazer a travessia em direção às Canárias, mais 102 mortes em comparação com o período homólogo de 2020.
Espanha, a par da Grécia, Itália ou Malta, é um dos países da "linha da frente" ao nível das chegadas de migrantes irregulares à Europa.