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A doutrina socialista e a baixa natalidade

Somos dos Países mais envelhecidos do Mundo e dos que tem a taxa de natalidade mais baixa

Esta semana o Ministério da Educação chinês anunciou que serão incorporados no seu plano curricular, conteúdos sobre o pensamento político de Xi Jinping, Presidente do País e cumulativamente secretário-geral do Partido Comunista da China. Segundo o comunicado, a diretriz tem como objectivo “ajudar os adolescentes a acreditar no marxismo dando-lhes ferramentas mais objectivas de índole “moral, intelectual, física e estética”. “As escolas primárias vão ter como foco a promoção do amor ao país, ao PCC e ao socialismo. As escolas secundárias combinarão o estudo com a experiência percetiva, enquanto as universidades enfatizarão o pensamento teórico”. A ideia é preparar as novas gerações de chineses para uma cultura revolucionária, tendo por base a aplicação do pensamento doutrinário do atual presidente sobre o socialismo.

Por cá à obrigatoriedade da recém criada disciplina de Cidadania e Desenvolvimento, que visa promover uma sociedade mais justa e mais inclusiva mas que muita polémica tem dado, sobretudo pela forte componente ideológica, temos agora a proibição da venda de mais de meia centena de produtos alimentares, com a justificação de serem pouco saudáveis e de que o Estado pretende que as escolas públicas comecem a oferecer refeições “nutricionalmente equilibradas, saudáveis e seguras”. Ou seja temos os que normalmente chamam a si os louros da revolução de Abril e das liberdades numa lógica de permanentes restrições e imposições que vão desde o tabaco, aos alimentos passando em alguns casos até por uma tentativa de censura de opinião em que tudo o que não segue as directrizes ideológicas desses grupos é para boicotar.

Não fosse eu saber muito bem onde moro, podia por momentos pensar que tinha sido teletransportado para a China e estava a viver num qualquer bairro de Xinjian. Não que eu seja contra o propósito da inclusão social, antes pelo contrário, nem tão pouco de achar que não devemos ter uma cultura educacional que nos explique e ensine as boas práticas sejam elas alimentares, sociais ou económicas. O que me faz verdadeiramente confusão é esta prática corrente de proibição constante do que vai contra aquilo em que acreditamos. Acredito muito mais num modelo em que se eduque através do esclarecimento e da explicação, deixando depois ao critério de cada um as suas escolhas e as consequências que lhes são indexadas. Até porque se bem me recordo, na minha juventude o que gostávamos mesmo de fazer era o que era proibido, o que tinha que ser feito às escondidas e que nos levava para uma adrenalina de sentirmos o poder das nossas escolhas nas mãos.

Enquanto isso a taxa de natalidade em Portugal vai baixando de ano para ano. Somos dos Países mais envelhecidos do Mundo e dos que tem a taxa de natalidade mais baixa. Esta perigosa curva que tem implicações na sustentabilidade e na regeneração das nossas comunidades só se inverte de duas formas. Ou começando a desenvolver uma forte política de atração à imigração ou trabalhando em políticas que incentivem os nossos jovens a ter filhos, através de fortes apoios sociais mas também na capacitação psicológica dessa barreira muito em voga por cá, que nos leva a pensar que nunca é a altura certa para sermos pais e assim vamos arrastando o processo. Seguindo esta tendência de imposição de certos e determinados procedimentos e ideologias temo que se continuarmos com esta linha, quando quem nos governa disto se aperceber, comece a obrigar quem tem idade para isso à frequência de aulas práticas de sexualidade ou de procriação assistida.