Milagre agrícola

No balanço aos primeiros 3 anos de atividade agrícola, constatei quanto é duro e mal pago o produtor. Nas conversas informais com outros agricultores, só por amor à terra, e com grande sacrifício os pequenos e médios produtores continuam a laborar. Se excetuarmos a cultura intensiva, de estufas e químicos, a produção natural e biológica obriga a um trabalho de preparação da terra, corte de ervas, tratamentos, rega, manutenção da cultura e apanha, que os míseros cêntimos que pagam pela batata, pela cana de açucar, pela banana , pela vinha, etc não compensam o esforço. Pior ainda quando o produtor tem de pagar o agricultor, pois não retira rendimento que estimule a continuidade . O prémio anual ao agricultor constitui uma ajuda mas o balanço anual da actividade é deficitário. Se a Madeira quer continuar a ter paisagem verde e agrícola, o pagamento ao produtor tem de ser revisto . Só por milagre ainda se mantém a cultura da bananeira e da cana de açucar. A cana que abastece a poncha (bem paga) é trabalho de escravo e mal pago. A banana da Madeira que é um fruto de grande qualidade e valor nutricional tem de ser mais bem pago. Muito dinheiro deixa esta cultura na intermediação. Mais do que armazéns, obras megalómanas e um museu , o agricultor tem de ter mais rendimento., senão essas obras não terão qualquer utilidade, porque a produção vai agonizar. Os jovens não se sentem atraídos pela cultura da cana e da banana. É um trabalho duro, sujo e mal pago. Os agricultores têm se se organizar, reunir e reivindicar, no seu próprio interesse e para bem da Madeira, da sua produção e da sua paisagem.

J.F.