Macron visita Dublin na esperança que Irlanda adira acordo fiscal global
O Presidente francês, Emmanuel Macron, desloca-se a Dublin na quinta-feira, na esperança de que a Irlanda venha a aderir ao acordo internacional sobre a tributação das multinacionais, disseram hoje fontes oficiais em Paris.
"Esperamos que a Irlanda adira a este acordo", disseram fontes da Presidência francesa, citadas pela agência espanhola EFE.
De acordo com as mesmas fontes, a Irlanda "não fechou a porta" ao acordo anunciado em 01 de julho, pelos negociadores do chamado "quadro inclusivo" da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
Dublin "deu sinais da sua prontidão para trabalhar", disseram as fontes do Eliseu.
A Irlanda, que aplica taxas reduzidas, tem resistido ao acordo para continuar atrativa para as chamadas empresas gigantes da Internet, como a Google, Facebook, Twitter ou LinkedIn, que estabeleceram as suas sedes europeias no país.
A Irlanda faz parte de um grupo de sete dos 139 Estados ou jurisdições do "quadro inclusivo" que se recusam a aderir a este compromisso.
O acordo prevê uma taxa mínima de imposto sobre as sociedades de pelo menos 15% e um mecanismo de partilha de impostos para grandes empresas entre países.
A Estónia e a Hungria são os outros dois membros da União Europeia (UE) que também se recusam por enquanto a aderir ao acordo, cujos pormenores serão negociados nos próximos meses.
Na visita oficial a Dublin, Emmanuel Macron vai encontrar-se com o Presidente irlandês, Michael Higgins, e o primeiro-ministro, Michéal Martin, com quem irá participar numa conferência de imprensa à tarde.
O Presidente francês tenciona abordar a disputa entre a UE e o Reino Unido sobre a aplicação do protocolo sobre a Irlanda do Norte, de acordo com as fontes citadas pela EFE.
Para evitar uma fronteira rígida entre a República da Irlanda e a Irlanda do Norte após o 'Brexit' e preservar os acordos de paz de Sexta-feira Santa de 1998, o protocolo estipula que as normas do Mercado Único se aplicam na Irlanda do Norte apesar de, como território britânico, já não fazer parte da UE.
As fontes francesas sublinharam que a posição de Paris é "muito clara" sobre a vontade de Londres de a alterar.
"Estamos prontos a discutir a aplicação do protocolo, mas não prevemos renegociá-lo", disseram à EFE.
Acrescentaram que a UE-27 tomou medidas, mas não a outra parte, e avisaram que as propostas apresentadas pelo Reino Unido na prática "significariam uma renegociação" que Paris não aceitará.
Os europeus alertaram que reservam o direito de decidir sobre sanções se os britânicos não retificarem e não respeitarem as regras do protocolo da Irlanda do Norte.
A questão é particularmente sensível na Irlanda, especialmente dado que uma grande parte do seu comércio com o resto dos países da UE passa é feito através do território britânico.
É precisamente por esta razão que a França e a Irlanda têm vindo a trabalhar no sentido de aumentar as rotas marítimas diretas entre os dois países.
A crise no Afeganistão e o resgate de pessoas em curso em Cabul estarão entre as questões discutidas por Macron com os líderes irlandeses, segundo a EFE.