Madeira com 70% da população imunizada
A meta será alcançada até ao final do dia, garante Pedro Ramos, tendo em conta os agendamentos feitos para esta segunda-feira
“Atingimos uma meta particular”. Foi desta forma que Pedro Ramos encarou o facto de a Madeira alcançar durante o dia de hoje 70% da sua população completamente vacinada contra a covid-19.
Para o secretário regional de Saúde e Protecção Civil, esta é uma meta “apenas parcial”, ao contrário do que se perspectivava há alguns meses. Os avanços no conhecimento científico e o aparecimento de algumas variantes do SARS-CoV-2, nomeadamente a variante Delta (B.1.617.2), comummente associada à Índia e que na Madeira tem uma frequência relativa de 100%, vieram baralhar as contas.
“Se há uns meses atrás 70% seria a meta que todos queríamos atingir para termos uma imunidade e grupo, uma protecção de grupo adicional”, lembra o governante, hoje “sabemos que acima de 85% ou 90% provavelmente será a nova meta que todos nós queremos e devemos atingir”, começando a Região, a partir de hoje, começar a trabalhar nesse sentido.
Embora neste momento as 175.087 pessoas com a vacinação completa na Madeira e Porto Santo correspondam a cerca de 69,74%, Pedro Ramos garante que, até ao final do dia, e tendo em conta as vacinas previstas para os centros de vacinação do Funchal e de Machico, hoje em funcionamento, os 70% serão uma realidade, valores que, a nível nacional, foram alcançados na passada quarta-feira.
Ainda este fim-de-semana, à margem das comemorações do Dia da Cidade do Funchal, Pedro Ramos, que representou o Governo Regional na cerimónia, dava conta de que a Região iria “concretizar, no final deste mês, os tais 70% de vacinação completa, e se possível chegar aos 85% de vacinação iniciada”. É para isso que os profissionais de saúde estão a “trabalhar afincadamente com esse propósito”, uma vez que há vacinas disponíveis.
Imunidade pode ser uma 'miragem'
O tema tem sido alvo de discussão, e várias instâncias internacionais ligadas à Saúde já não colocam a questão nestes termos. Ainda assim, uma possível imunidade de grupo, neste momento, só surge associada a uma taxa vacinal superior a 85%. Há, também, reservas quanto à questão da eficácia da protecção da vacina em pessoas a quem tenha sido administrada apenas uma dose, num esquema vacinal de duas doses.
De acordo com o Centro Europeu para Prevenção e Controle de Doenças (ECDC), “os dados disponíveis, em diferentes grupos populacionais e variantes de preocupação (VOCs) do SARS-CoV-2, confirmam que a protecção contra infecção assintomática e sintomática e doença grave conferida por duas doses de vacina é significativamente maior do que a vacinação parcial”, com os especialistas a apontarem para 30% de protecção.
Quer isto dizer que em 100 pessoas com uma dose da vacina, apenas cerca de 30 estão protegidas.
O relatório técnico ontem divulgado por aquele organismo europeu aponta que nestas situações, a protecção contra uma infecção com a variante Delta (B.1.617.2), que representa uma frequência relativa de 100% na Madeira, é ainda mais reduzida quando comparada com a variante Alpha (B.1.1.7).
No entanto, a vacinação completa fornece protecção quase equivalente para ambas as variantes.
Estes dados levaram o ECDC, ontem, a apontar, uma vez mais, que “a vacinação completa deve ser alcançada o mais cedo possível e a segunda dose da vacina deve ser administrada após o intervalo mais curto possível”.