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Seul e Washington debatem ajuda humanitária à Coreia do Norte

Desde Janeiro de 2020, o regime de Kim Jung-un tem mantido as fronteiras fechadas para impedir ao contágio do SARS-Cov-2, agravando a crise no país.   Foto Shutterstock
Desde Janeiro de 2020, o regime de Kim Jung-un tem mantido as fronteiras fechadas para impedir ao contágio do SARS-Cov-2, agravando a crise no país.   Foto Shutterstock

Os delegados da Coreia do Sul e dos Estados Unidos para o desarmamento nuclear da Coreia do Norte debateram hoje, em Seul, o envio de ajuda humanitária para o país que está a atravessar uma grave crise económica.

"Discutimos uma possível assistência humanitária à RPDC [República Popular Democrática da Coreia] e reafirmámos o apoio dos EUA às relações e diálogo intercoreano, tal como estipulado na declaração conjunta entre os nossos dois líderes em maio", disse o delegado norte-americano, Sung Kim, no final da reunião.

"Continuaremos a apoiar projetos de cooperação humanitária", acrescentou Kim, citado pela agência de notícias sul-coreana Yonhap, no final do encontro com o homólogo da Coreia do Sul, Noh Kyu-duk.

Recentemente, vários apelos têm surgido para que canais sejam abertos para o envio de ajuda humanitária para o Norte, sob pesadas sanções económicas, aplicadas pela ONU, devido ao programa nuclear da Coreia do Norte, país com o qual a Coreia do Sul e Estados Unidos querem retomar conversações sobre desnuclearização.

A ONU também pediu a Pyongyang que deixe entrar funcionários das diferentes agências do sistema das Nações Unidas.

Desde janeiro 2020, altura em a pandemia de covid-19 começou a espalhar-se pelo mundo, o regime de Kim Jung-un tem mantido as fronteiras fechadas para impedir ao contágio.

O encerramento das fronteiras impediu a entrada e saída de bens do país, rendimentos vitais como os gerados pelo turismo ou investimento estrangeiro, e também diplomatas ou trabalhadores humanitários que iriam substituir funcionários cujos períodos de estada terminaram.

Por outro lado, as fortes chuvas, que atingiram o país nos últimos dois anos, causaram danos significativos às infraestruturas e destruíram colheitas inteiras.

O encontro entre Kim e Noh ocorreu quando Seul e Washington estão a realizar manobras militares conjuntas.

O regime norte-coreano, que considera estes exercícios como um ensaio para invadir o Norte, interrompeu mais uma vez a comunicação telefónica com o Sul, duas semanas após o reinício.

Kim insistiu que os exercícios são "de rotina e puramente defensivos" e reiterou a mensagem que havia deixado na última visita a Seul, em junho: "Ainda estou disposto a encontrar-me com os homólogos norte-coreanos em qualquer lugar e em qualquer altura".

As conversações de desarmamento entre Washington e Pyongyang foram interrompidas, na sequência da fracassada cimeira de Hanói, em fevereiro de 2019 entre Kim Jung-un e o ex-Presidente norte-americano Donald Trump.

Kim deverá reunir-se durante o dia, na capital sul-coreana, com vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Igor Morgulov, que é também o delegado de Moscovo para o desarmamento nuclear na península coreana.