Situação de migrantes a bordo de navio no Mediterrâneo é "cada vez mais inaceitável"
A situação dos 322 migrantes resgatados no Mediterrâneo pelo navio "Geo Barents", da organização Médicos sem Fronteiras (MSF), é "cada vez mais inaceitável" alertou hoje um dos responsáveis do navio.
A organização não-governamental (ONG) reiterou o pedido para que os países da região disponibilizem um porto seguro para o desembarque dos migrantes, após vários dias de espera no mar. O "Geo Barents" precisa de "um porto seguro para desembarcar as 322 pessoas, para as quais a situação se está a tornar cada vez mais inaceitável", escreveu nas redes sociais o responsável pela equipa de resgate da embarcação, Iasonas Apostolopoulos, acrescentando que continua sem informação de onde e quando poderá fazer-se o desembarque.
Iasonas Apostolopoulos explicou num vídeo que o navio tem 95 menores a bordo, destes 84 não acompanhados, que o mais novo é um menino de apenas duas semanas, e que há casos de queimaduras por gasolina, feridas provocadas pelo sol e desidratação, e que "alguns precisam de cuidados especiais que só podem ser recebidos em terra". "Muitos deles estão exaustos após muitos dias no mar e dormem num chão de madeira. Alguns já estão a bordo há mais de duas semanas, desde o nosso primeiro salvamento a 05 de agosto", disse.
Nessa primeira operação o navio da MSF salvou 25 migrantes de um bote e depois em 16 de agosto fez vários resgates, pelo que tem atualmente a bordo 322 pessoas.
Os migrantes foram resgatados na chamada rota do Mediterrâneo Central, encarada como uma das mais mortais, que sai da Tunísia, Argélia e da Líbia em direção a Itália, em particular à ilha de Lampedusa, e a Malta.
Perante a ausência de resposta por parte das autoridades de Malta aos pedidos dos navios de resgate humanitário, Itália está a assumir neste momento todo o fluxo de migrantes da rota central. Desde o início do ano que em Itália já desembarcaram 32.806 migrantes, muito mais do que os 15.406 em 2020 e os 4.265 em 2019. Segundo dados da Organização Internacional para as Migrações pelo menos 896 pessoas morreram no mar quando tentavam chegar a Itália, no primeiro semestre deste ano.