A cidade perdida
É irritante a forma como a cidade assiste passivamente à evolução dos comportamentos desviantes de um número cada vez maior de cidadãos, sem-abrigo e toxicodependentes.
Eles marcam presença por todo o miolo da cidade abaixo da Cota 40, andam pela Fernão de Ornelas, sem camisa, esgazeados, arrancando flores nos jardins públicos para de seguida as “venderem” a turistas e locais.
Coordenam o trânsito na rua do Aljube, permitem que os lojistas abram as suas lojas, se pedirem educadamente.
São especialistas em ocupar prédios devolutos.
Tomam conta da rua Ivens, com “bancas de pedincha” definidas, abordam os lojistas, pedindo-lhes ajuda para a sanduíche ou bilhete de autocarro.
Mandam na zona da ETAR, fazendo os transeuntes fugirem da beira-mar, onde, no calhau, já têm os seus abrigos montados.
Tomaram conta do Jardim Municipal, dormem nos bastidores do palco, defecando nos canteiros e urinando em qualquer lado, sem respeito por quem cuida e por quem frequenta aquele jardim.
Não quero acreditar que estratégias eleiçoeiras impeçam a formação de uma comissão interdisciplinar com a autarquia, a Secretaria Regional da Inclusão, a PSP e outras valências de apoio social pertinentes, para conter e diminuir o problema.
E porque não quero acreditar, aguardo com expectativa as posições dos cabeças de lista às próximas eleições autárquicas, sobre este assunto.
Aguardo também, enquanto cidadão, que os responsáveis policiais me digam:
Porque não inquirem aqueles grupos de desadaptados, toxicodependentes e outros desvalidos da sorte, que bebem álcool impunemente em locais públicos, sem distanciamento social, sobre o que ali estão a fazer, importunando-os sistematicamente, desmobilizando-os?
Porque razão persiste nas ruas do Funchal um sem-abrigo de nacionalidade estrangeira, que provavelmente nem tem autorização de residência?
Estamos a perder a mão… é tempo de medidas concretas e persistentes no tempo, e não como reacção à manchete mais recente.
Sérgio MCSV Quaresma