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Taiwan quer mais união para garantir a sua defesa

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REUTERS/Tyrone Siu

O regresso ao poder dos talibãs no Afeganistão após a retirada das tropas norte-americanas reforça a necessidade de Taiwan ser "mais forte e mais unido" para garantir a sua defesa, declarou hoje a Presidente Tsai Ing-wen.

Taiwan, com 23 milhões de habitantes e um sistema político democrático, vive sob constante medo de uma invasão da China, que considera a ilha uma parte do seu território e ameaça utilizar a força em caso de declaração de independência.

Washington continua a ser um dos mais importantes aliados oficiosos de Taiwan.

Os Estados Unidos romperam relações diplomáticas com Taipé em 1979 para reconhecer Pequim como o único representante da China. No entanto, continuam a ser o principal fornecedor de armas.

Mas a abrupta partida das tropas norte-americanas de Cabul provocou em Taiwan um debate sobre a confiança nos Estados Unidos em relação à defesa da ilha.

A Presidente Tsai exprimiu hoje a sua preocupação num texto na rede social Facebook.

"Os acontecimentos recentes no Afeganistão já foram muito debatidos em Taiwan", escreveu.

"Quero dizer a todos que a única opção para Taiwan é sermos mais fortes, mais unidos e mais firmes na nossa determinação de nos protegermos a nós próprios", adiantou.

Tsai Ing-wen insistiu que Taiwan deve ser autónomo. "Não é uma opção para nós nada fazer por nós próprios e contar com a proteção dos outros", explicou.

Acrescenta, numa referência clara a Pequim, que Taipé não pode contar com a "benevolência momentânea ou caridade daqueles que não desistiram de considerar o uso da força contra Taiwan".

Pequim intensificou a pressão militar, económica e diplomática contra Taiwan desde a chegada ao poder em 2016 da Presidente Tsai Ing-wen, de um partido que tradicionalmente tem defendido a independência.

Na China continental, os 'media' estatais deleitaram-se com a retirada norte-americana do Afeganistão, em vários editoriais inflamados prevendo um abandono de Taiwan por Washington, segundo a agência France-Presse.

Especialistas alertaram, no entanto, contra uma comparação demasiado rápida das situações afegãs e taiwanesas.

Taiwan tem "grande interesse para os Estados Unidos porque é uma democracia que funciona, um aliado leal" com um "exército competente e que se situa ao largo do maior rival da América", disse Robert Kelly, especialista em relações internacionais na Universidade Nacional de Pusan (Coreia do Sul), na rede social Twitter.

Os talibãs entraram na capital do Afeganistão, Cabul, no domingo, culminando uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO.

A tomada da capital põe fim a uma presença militar estrangeira de 20 anos no Afeganistão e representou um regresso do movimento extremista ao poder, que deteve entre 1996 e 2001 e de onde foi afastado precisamente pelos Estados Unidos.