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Diminui aprovação à retirada dos EUA após talibãs tomarem poder

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O apoio dos norte-americanos à retirada das suas tropas do Afeganistão caiu drasticamente com a chegada dos talibãs ao poder e metade dos inquiridos desaprova a forma como Joe Biden geriu a situação, segundo nova sondagem.

Apenas 49% dos 1.999 inquiridos pelo 'Politico' e 'Morning Consult', entre 13 e 16 de agosto, apoiaram a decisão do Presidente dos Estados Unidos de sair daquele país da Ásia Central.

Em abril, quando Joe Biden anunciou que todos os soldados norte-americanos iam deixar o Afeganistão em 11 de setembro, a aprovação era de 69%.

Esta última sondagem foi realizada entre a ofensiva dos talibãs, que conquistaram Cabul no domingo, e a decisão do Governo liderado por Joe Biden do envio de 6.000 militares para proteger o aeroporto, durante a retirada de cerca de 30 mil civis norte-americanos e afegãos, precipitada pelo risco de represálias.

O Presidente dos Estados Unidos contou com o apoio da opinião pública para a confirmação da retirada que encerrou a guerra mais longa em que o país esteve envolvido, que começou após os ataques de 11 de setembro de 2001.

Agora, 51% dos inquiridos criticam a forma como Biden lidou com a retirada e 45% acreditam que os Estados Unidos não deveriam retirar as suas tropas, se essa saída permitisse aos talibãs retomar o controlo do país, como está a acontecer.

Entre os eleitores democratas, 53% aprovam a gestão da saída do Afeganistão por Joe Biden, números longe da habitual popularidade dentro do partido, que costuma "situar-se entre os 70 e 80%", revelam os autores da sondagem.

Esta sondagem tinha uma margem de erro de dois pontos percentuais.

Joe Biden destacou na segunda-feira, numa declaração desde a Casa Branca, que defendia "firmemente" a decisão tomada.

"Depois de 20 anos, aprendi com relutância que nunca é um bom momento para retirar as forças [norte-]americanas", sublinhou.

Os talibãs conquistaram Cabul no domingo, culminando uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO.

As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista (1996-2001), que acolhia no seu território o líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.

A tomada da capital põe fim a uma presença militar estrangeira de 20 anos no Afeganistão, dos Estados Unidos e dos seus aliados na NATO, incluindo Portugal. 

Face à brutalidade e interpretação radical do Islão que marcou o anterior regime, os talibãs têm assegurado aos afegãos que a "vida, propriedade e honra" vão ser respeitadas e que as mulheres poderão estudar e trabalhar.