O covid e o milagre da vida
Sou residente no Canadá e vim passar o Natal passado à Madeira, minha terra-natal. Dois dias antes de regressar para o Canadá, contraí Covid. Dada a gravidade do meu estado clínico, fui internado, transitando por diversas vezes entre os cuidados intensivos e os cuidados especiais de medicina interna. Como se não bastasse, para além de uma pneumonia intersticial grave e uma insuficiência renal aguda, tive uma infecção generalizada no corpo, chamada sepsis. Os médicos alertaram a minha família para o meu estado clínico que era muito grave, preparando-a para o pior, pois dificilmente sairia vivo do hospital. O meu filho veio com urgência do Canadá para aquilo que seria uma despedida... Mas, porque enquanto há vida há esperança, ao fim de 6 meses de grande luta entre a vida e a morte, cá estou eu, recuperado e feliz. Nos últimos 4 meses estive internado no Serviço de Cuidados Continuados, naquilo que foi um árduo trabalho de fisioterapia e reabilitação, que só quem por ali passa é que compreende. É por isso que me sinto na obrigação de agradecer a todos os profissionais da saúde que me ajudaram no processo de recuperação da doença, principalmente aos que lutaram por mim e me devolveram a esperança e força de viver. A todos os profissionais da saúde do Serviço de Cuidados Continuados quero manifestar o meu profundo agradecimento pelos cuidados que me foram prestados ao longo de 4 meses em que estive ali internado. Todos os profissionais da saúde deste serviço, sem excepção, foram incansáveis e de uma atenção e dedicação sem mácula, principalmente num especial contexto de grande pressão provocada pela Covid, realçando a vertente humana, que em momento algum foi descurada. Todos os profissionais daquele serviço devolveram-me a esperança quando muitas vezes a tinha perdido. Nunca me deixaram cair e com a sua força, profissionalismo, humanismo e dedicação fizeram com que entre no avião que me levará para o Canadá pelas minhas próprias pernas, quando há uns meses parecia simplesmente impossível. Sinto um orgulho enorme em todos aqueles profissionais e uma gratidão sem fim por saber que neste bocadinho de Portugal existem pessoas que dão o melhor de si em prol do próximo. Foram meses duros e intensos durante os quais ganhei uma nova família. E por falar em família quero agradecer a forma tão carinhosa com que acolheram a minha família durante as suas visitas e como lhes prestaram informações acerca do meu estado de saúde. A esses profissionais da saúde, tenham a certeza de que os levo no meu coração para o Canadá. Muito obrigado por tudo! Bem-hajam!
José Tiago Faria