Lição de economia
Perante o que está a acontecer, alguém tem dúvidas das consequências de tudo isto no futuro do mundo?
Por estes dias, lembrei-me das aulas de economia do Professor Doutor António Pinto Barbosa, ex-Ministro das Finanças e ex-Governador do Banco de Portugal. Num exame, desafiou-nos a dissertar sobre o impacto na economia de um incêndio numa casa particular, onde teriam sido queimados 10.000 contos em dinheiro (49.879,79€).
Comparativamente ao dinheiro a circular na economia de um país, ou mesmo de uma Região, somos tentados a afirmar que o impacto é praticamente nulo. Afinal, o que são 10.000 contos perante os milhões existentes na economia? Mas não é bem assim.
Com esta pergunta, o Professor chamou-nos a atenção para o facto que o dinheiro destruído deixaria de estar disponível para consumo ou investimento, e, faria falta à economia. A necessidade de dinheiro em circulação exigiria no futuro a uma produção de notas para compensar a falta de dinheiro em circulação e um esforço adicional de dinheiro para a reconstrução da casa. Era dinheiro perdido com consequências na inflação. E perante a nossa incredulidade que alguém pudesse guardar tanto dinheiro em casa e não no banco, o Professor deu-nos uma lição de vida, pois conhecia a realidade do nosso país e a cultura dos portugueses.
Por ocasião de problemas em alguns bancos em Portugal, cheguei a ver uma mulher com idade próxima aos 50 anos a sair dum banco (não envolvido nas polémicas) com um saco de supermercado cheio de notas e a reclamar que ninguém lhe ficaria com o seu dinheiro. Pensei: Oh mulher, se és assaltada ficas sem nada… Mas percebi o porquê da sua decisão - não confiava no sistema bancário. O Professor tinha razão!
A pandemia tornou claro que estamos mundialmente interligados. Continuamos a viver uma crise sanitária mundial. Austrália entrou numa nova fase de confinamento, Estados Unidos registam aumentos de números de casos de forma assustadora, China volta a registar novos casos, Japão apresenta números assustadores, Rússia não tem controle, a situação na América Latina não está fácil, e, por todo o lado, surgem novos casos de doença. Por cá, também aumenta. E já sabemos as consequências da COVID na economia.
Já não bastava estarmos a lidar com esta doença, agora assistimos a incêndios infernais na Turquia, na Grécia, em Itália, na Sibéria, no Canadá, na Califórnia, na Argélia e, desde o início de 2021, já se registaram cerca de 300 incêndios nas Amazónias. Mão criminosa, sem dúvida. Muitos interesses por detrás destas ações que destroem florestas, cidades e muitos animais. Conhecemos bem esta agonia. Já vivenciamos tragédia semelhante. Não tenham dúvidas que sofreremos consequências destas tragédias, não só ambientalmente, como economicamente.
Paradoxalmente, e em simultâneo, ocorrem cheias destrutivas como as que ocorreram na Alemanha, na Bélgica, na Índia, no norte da Turquia, no Japão e na China e os Estados Unidos e as Caraíbas preparam-se para tempestades tropicais dentro de dias.
Da África do Sul temos informações de instabilidade política e do Afeganistão apercebemo-nos da subida ao poder dos Talibã, responsáveis por vários atos terroristas no mundo. Estabilidade política e segurança mundial estão em risco.
No continente africano, só Deus sabe o que por lá ocorre.
Perante o que está a acontecer, alguém tem dúvidas das consequências de tudo isto no futuro do mundo? Não é por vivermos em duas ilhas no meio do oceano que nada nos acontecerá. Se 10.000 contos tinham efeitos nefastos na economia, imagine-se o que vem aí com todas estas desgraças a ocorrer em simultâneo? Os ilustres assessores, adjuntos e técnicos especialistas que compõem este governo já se dignaram pensar sobre as consequências de todos estes acontecimentos?
Amanhã toma posse um novo Secretário Regional das Finanças, o dr. Rogério Gouveia, que herda as pastas da Vice-Presidência. Terá a liberdade para governar segundo as suas orientações, ou estará sujeito a algum “acordo de substituição”? Tem liberdade para constituir a sua equipa de trabalho, ou será que foi “obrigado” a manter a carrada de assessores que Pedro Calado foi colecionando ao longo deste tempo que esteve no Governo?
Hoje é dia 15 de agosto. Para nós madeirenses, Dia da Nossa Senhora do Monte, uma festa que nunca mais voltará a ser o que era, mas que faz-nos orar, na segurança do nosso lar, para que a nossa terra seja protegida de todo o perigo e mal.