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Governo e oposição na Venezuela arrancam negociações com acordo de entendimento

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Representantes do Governo do Presidente, Nicolás Maduro, e da oposição aliada de Juan Guaidó iniciaram sexta-feira uma nova ronda de negociações, no México, sob mediação da Noruega, com a assinatura de um acordo de entendimento.

O acordo de entendimento foi assinado pelo presidente da Assembleia Nacional da Venezuela (parlamento), Jorge Rodríguez, chefe da delegação que representa o Governo venezuelano, por Gerardo Blyde, representante da oposição nas relações com os EUA e Dag Halvor Nylander, representante da Noruega.

No documento, manifesta-se a intenção de se chegar a um acordo sobre "as condições necessárias para que se realizem os processos eleitorais consagrados na Constituição, com todas as garantias, entendendo que é uma necessidade levantar as sanções internacionais" impostas contra Caracas.

Durante o ato que marcou o início da nova ronda de negociações, o ministro de Relações Exteriores do México, Marcelo Ebrard, sublinhou que o páis "será um anfitrião respeitador, solidário e sempre na disposição de colaborar e cooperar para o sucesso do diálogo".

O representante da oposição, Gerardo Blyde, agradeceu o apoio do México e da Noruega, e explicou que se procuram garantias democráticas e que "uma negociação é uma ferramenta para encontrar soluções", sublinhando que os venezuelanos devem dar uma oportunidade a este processo.

Entretanto, a oposição venezuelana emitiu um comunicado a sublinhar "o processo de entendimento, na construção e desenvolvimento de uma agenda de propostas" e comprometeu-se ainda a avançar num acordo orientado para um pacto democrático que garanta uma melhor qualidade de vida aos venezuelanos.

Por outro lado, o representante do Governo venezuelano, Jorge Rodríguez, afirmou que "a Venezuela não funciona com base na pressão".

"Connosco as palavras funcionam. Connosco, não são as ameaças que funcionam, mas sim o respeito. Que a paz seja o nosso norte", acrescentou.

Por outro lado, afirmou ainda que a delegação do Governo está pronta "para que cedo surjam acordos que permitam ao povo da Venezuela ter mais soluções".

"Já sabemos em que não estamos de acordo. O trabalho, agora, é procurar pontos de convergência para garantir que o povo venezuelano receba a sua recompensa", concluiu.

Dag Halvor Nulander, em representação da Noruega, afirmou que o seu país está "consciente da crise que a Venezuela está a atravessar", sublinhando que as "negociações dependerão da vontade dos atores políticos" e que o Oslo espera que as negociações tenham um resultado favorável para a Venezuela.

"É a nossa expetativa que as partes entrem em razão perante as preocupações do povo venezuelano", disse o diplomata.

Segundo Dag Halvor Nulander, na agenda estão temas relacionados com "direitos políticos para todos, garantias eleitorais para todos, o levantamento das sanções, o respeito pelo Estado constitucional, a coexistência política e social, proteção da economia venezuelana, e garantias para a implementação e acompanhamento dos acordos".

A crise política, económica e social na Venezuela, agravou-se desde janeiro de 2019, quando o então presidente do parlamento, o opositor Juan Guaidó, jurou publicamente assumir as funções de Presidente interino do país até afastar Nicolás Maduro do poder, convocar um Governo de transição e eleições livres e democráticas.

Segundo diversas organizações, 5,6 milhões de venezuelanos abandonaram o seu país desde 2015, fugindo da crise.

A OEA alertou recentemente que o êxodo de venezuelanos poderá atingir os sete milhões até ao primeiro trimestre de 2022, superando os 6,7 milhões do êxodo da Síria.

Em 2016, o Vaticano propôs a realização de encontros de diálogo entre o Governo de Nicolás Maduro e a oposição. As negociações falharam em 2018 e nelas participou o ex-Presidente espanhol José Luís Rodríguez Zapatero.

Em 2019 fracassaram também as tentativas de diálogo com intermediação da Noruega e da República Dominicana.