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Fajã da Ovelha reclama Centro de Dia e Espaço Cultural

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Ao chegar à freguesia da Fajã da Ovelha, no concelho da Calheta podemos observar alguns poios ainda cultivados, alguns ainda com restolho, fruto da recente ceifa do trigo que ainda se semeia na localidade, mas nada a ver com outros tempos. Na localidade não há uma centralidade devido à orografia. Tem duas paróquias e diversos lombos o que leva à dispersão.

A grande maioria da população é idosa e já muitos deixaram a freguesia, emigraram para a Venezuela, África do Sul, França e nestes últimos 20 anos, uma grande vaga de jovens rumou ao Reino Unido.

Foi junto à igreja paroquial e próximo à única mercearia existente no centro da freguesia que encontrámos uma emigrante da Venezuela, que começou por dizer que “a Fajã da Ovelha está esquecida e ninguém faz nada por nada.”

Começou por elencar os problemas da localidade: “a igreja era para arranjar a estrutura por fora, estão os andaimes e parou, a escola primária de São João está para arranjar para transformar em centro dia, atendendo a que a maior parte da população é idosa, mas só limparam por fora e mais nada. Também é preciso arranjar o muro da estrada junto à igreja de São João Batista.

Descontente, explicou ainda que no centro da freguesia deveria ficar o edifício da Junta de Freguesia e do Centro de Saúde, bem como o da Casa do Povo, “mas levaram tudo lá para cima”, referindo-se à localização daqueles edifícios na zona mais alta da freguesia.

Num outro sítio, na Raposeira, encontramos Celeste Ribeiro, uma agricultora que estava a chegar a casa com um molho à cabeça com feijão para debulhar.

“Desde 2007 que estou atormentada com um barulho constante, noite e dia por causa da via expresso. Eles não colocaram um separador para tirar o barulho e eu não tenho vidros duplos em casa”. Celeste Ribeiro

Celeste Ribeiro adiantou ainda que nunca mais limparam a berma da estrada junto à via expresso e acrescentou que já ligou a pedir para limpar e que continua tudo na mesma.

Já o professor Jaime Andrade disse que “era importante a melhoria da requalificação da escola de São João, onde poderia acolher um centro dia da Fajã da Ovelha, de forma atrair mais pessoas para o centro histórico da freguesia”.

Salientou ainda a importância da melhoria na sinalética e da toponímia particularmente no que diz respeito às levadas, visto que a freguesia tem sido cada vez mais procurada por turistas que fazem diversos percursos e muitas vezes não sabem onde fica a “levada nova” por exemplo.

“Mas o que faz falta é um espaço cultural na freguesia. Muitas vezes já se falou do edifício da Fábrica da Manteiga que é um bom espaço, até porque foi o primeiro local que na freguesia teve electricidade". Jaime Andrade

Para o docente, teria de haver uma "sintonia entre as forças políticas, autarquia e governo regional para a aquisição do prédio e ali criar um polo cultural, visto que aquele espaço deu muito emprego às pessoas da localidade. E depois recuperar o moinho de água ali existente. Poderia ser utilizado para dinamizar o Património cultural local, com um espaço de exposições temporárias, ou até um espaço reservado para a etnografia local, em vez de se deslocado para outros locais como o Funchal."

Ainda no que se refere a outros equipamentos, nomeadamente hidráulicos, salientou a importância da recuperação dos antigos lavadouros, em especial o lavadouro do sítio de São João.

Na Fajã da Ovelha, há uma maior procura turística e que tem aspectos positivos para a economia local mas a população reclama mais apoios à agricultura e melhoramentos nos caminhos agrícolas bem como a pavimentação da Estrada Regional 223 desde a Fajã da Ovelha até ao Paul do Mar.