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Número de mortos nos incêndios na Argélia sobe para 65, incluindo 28 militares

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Foto Ryad Kramdi/AFP

Pelo menos 65 pessoas, incluindo 28 militares, morreram nos incêndios que assolam o Norte da Argélia desde segunda-feira à noite, particularmente na Cabília, segundo um novo balanço divulgado hoje pela televisão nacional argelina.

"O número de mortos devido aos incêndios florestais aumentou para 65 (28 soldados e 37 civis), na sua maioria na região de Tizi Ouzou", informou a TV pública, citada pela agência France-Presse (AFP).

A TV pública acrescentou que 12 soldados foram também "hospitalizados em estado crítico".

Anteriormente, o Presidente da Argélia, Abdelamdjid Tebboune, tinha anunciado a morte de 25 soldados, a que se juntavam pelo menos 13 vítimas mortais civis.

O combate às chamas está a ser feito por bombeiros, militares e voluntários.

Cerca de 50 incêndios, alimentados por uma onda de calor, começaram na segunda-feira à noite, e afetam várias regiões montanhosas da Cabília, com maioria de população berbere.

Apesar das temperaturas elevadas, as autoridades do país do Norte de África suspeitam que os incêndios têm origem criminosa.

"Cinquenta fogos ao mesmo tempo é impossível. Estes incêndios são de origem criminosa", disse o ministro do Interior, Kamel Beldjoud, na terça-feira, citado pela AFP.

A rádio pública argelina anunciou na terça-feira a detenção de três suspeitos de fogo posto em Médéa (Norte), onde também deflagrou um incêndio.

Imagens impressionantes dos incêndios, acompanhadas de pedidos de ajuda, circulavam hoje nas redes sociais.

A Argélia está a viver um verão abrasador, marcado pela escassez de água, e os serviços meteorológicos previram para hoje temperaturas até 48 graus Celsius.

Em julho, o Presidente argelino ordenou a elaboração de legislação para punir severamente os autores de ataques incendiários às florestas, com penas de até 30 anos de prisão ou mesmo prisão perpétua se o incêndio causar a morte de indivíduos.

No início de julho, foram detidas três pessoas suspeitas de estarem envolvidas em incêndios que destruíram 1.500 hectares de floresta no maciço de Aurès (Nordeste).

A Argélia, o maior país de África, tem 4,1 milhões de hectares de floresta, com uma taxa de reflorestação de 1,76%, e é afetada todos os anos por incêndios florestais.

O número crescente de incêndios em todo o mundo está associado a vários fenómenos previstos pelos cientistas devido ao aquecimento global, como o aumento da temperatura e das ondas de calor, e a diminuição da precipitação.

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) alertou para as consequências das alterações climáticas na segunda-feira, num relatório que o secretário-geral das Nações Unidos, António Guterres, disse ser um "alerta vermelho para a Humanidade".