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"Clube do povo" na Argélia troca festa do centenário por oxigénio para doentes

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Os adeptos do Mouloudia Club d'Alger (MCA), uma das principais equipas de futebol da Argélia, desistiram da celebração do próximo centenário do clube para doar o dinheiro para a aquisição de garrafas de oxigénio aos doentes com covid-19.

Este centenário será o da "Mouloudia do oxigénio", através de uma grande ação de solidariedade", disse hoje à agência AFP Hamid Atmani, vice-presidente do comité nacional de apoiantes do MCA.

Numa reunião recente para preparar o aniversário, os apoiantes argelinos decidiram, dado a agravamento da crise sanitária na Argélia, dar prioridade aos doentes, oferecendo-lhes o maior número possível de garrafas de oxigénio e, se for possível, medicamentos, disse Atmani.

Optaram por doar as somas recolhidas individualmente e pelos benfeitores do clube para o aniversário, "em benefício dos doentes de covid-19, antes de 07 de agosto", data do centenário do MCA.

Desde quinta-feira, as páginas na Internet dos apoiantes do MCA - o clube mais antigo da Argélia, nascido em 1921 - têm vindo a fazer eco desta iniciativa.

O dinheiro que seria usado para a festa será usado para comprar concentradores de oxigénio, promete a página da rede social do Facebook "100% Mouloudia", que reúne mais de 200.000 fãs do Verde e do Vermelho.

Será "a mais maravilhosa celebração centenária de um clube do mundo. Estes são os valores e princípios da nossa equipa desde a sua criação, há 100 anos atrás", lê-se na página da rede social.

Fundada a 07 de agosto de 1921, durante a era colonial, e com sede em Bal El Oued, um bairro operário de Argel, Mouloudia é apelidado de "o clube do povo", sendo uma das equipas de maior sucesso na liga profissional da Argélia.

"Celebrar o centenário enquanto o povo argelino atravessa uma situação dramática seria vergonhoso e estigmatizaria os adeptos do nosso clube", indica a organização desportiva.

Todos os anos, os adeptos do clube celebram o aniversário da agremiação com uma exibição de fogo-de-artifício, em Bab El Oued.

A Argélia está a enfrentar uma terceira vaga de covid-19, que conduziu a uma escassez de oxigénio para indivíduos, e alguns hospitais deparam-se com problemas de gestão e distribuição de 'stocks'.

Os voluntários começaram a organizar-se para ajudar os doentes em muitos lugares. Alguns empresários estão a distribuir garrafas de oxigénio gratuitamente.

Face à procura urgente, o primeiro-ministro, Aïmene Benabderrahmane, prometeu importar mais de 160.000 litros de oxigénio, bem como dez unidades de produção com uma capacidade de 20.000 a 40.000 litros por dia.

A Argélia deve também trazer milhares de concentradores de oxigénio.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 4.220.816 mortos em todo o mundo, entre mais de 197,8 milhões de casos de infeção pelo novo coronavírus, segundo o balanço mais recente da agência France-Presse, divulgado no domingo.

Em Portugal, desde o início da pandemia, em março de 2020, morreram 17.369 pessoas e foram registados 970.937 casos de infeção, segundo a Direção-Geral da Saúde.

A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em países como o Reino Unido, Índia, África do Sul, Brasil e Peru.