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É tempo do agora ou nunca

Diria um amigo meu, “ainda bem que há ilusões, pois se as não houvesse ficaríamos mais depressa desconsolados”, seja lá o que isso possa significar. Sim, já que há vários tipos de desconsolos, na vida dos profissionais das Forças e Serviços de Segurança.

Não sei se o facto de podermos ter ilusões, seja na realidade um facto positivo, já que quando elas não se concretizam, ficamos sem o apoio moral que nos sustenta. Por isso ter ilusões será um direito que podemos reclamar e usufruir, pelo menos por algum tempo e sem custos adicionais, a não ser o da desilusão à posteriori.

A este respeito, parece que a grande maioria dos profissionais da segurança pública em Portugal, tem enorme esperança em que seja atribuído aos polícias um subsídio de risco, com valor de alguma dignidade que nos está a deixar completamente desatinados. Claro que a nossa pressa é tanta, que nos esquecemos que este tão desejado subsídio, já tem barbas com cerca de 30 anos.

Se fizermos um esforço de memória, depressa lembraremos que, o subsídio de risco é uma das principais e mais antiga reivindicação dos sócios do mais importante e mais representativo sindicato das polícias em Portugal, a Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP).

Perante as primeiras reuniões negociais, perante as notícias que têm vindo a público, será que algum de nós perdeu a esperança ou deixou de ter ilusões sobre a necessidade de ter um subsídio de risco o mais rapidamente possível? Penso que não. E estou certo de que ele chegará. Mas será este subsídio? Afinal qual o seu valor? Quem receberá? Existe diferenciação? Essa é a questão principal e que temos o direito de saber.

E não se pense que isto faz-se em três tempos, como diz o povo. Não. Porque, há uma norma no Orçamento do Estado que prevê um subsídio de risco para ser pago aos profissionais das forças de segurança. Aplica-se a todos os polícias, e é um suplemento, isto é, pago 14 meses por ano. A verdade é que temos de ter a certeza de que estes são os princípios que temos assentos e vai funcionar e sem máculas adicionais.

O que pensar? O melhor é mesmo não ter ilusões, pelo menos para já, pois o que o governo apregoa pode não ser a que todos estamos à espera. A vontade é imensa, a esperança também, mas que não matem as ilusões antes que o “vírus” do “subsídio de risco” nos atinja e nos mate da mesma forma.

Eis que, de um momento para o outro, passa a haver um plano B. Afinal, há ou não há? Havia ou não a necessidade de o ter na gaveta? Claro que todos têm um plano B para a eventualidade de falhar o primeiro plano, como parece ser o caso.

De facto, não se pode prometer só porque é bonito e se tenta convencer os mais distraídos. A verdade vem sempre ao cimo, como diz o povo e tem toda a razão. Não adianta escamoteá-la, porque não vamos nem podemos aceitar a atribuição de um suplemento que admite a sua acumulação com outro tipo de compensação remuneratória, como é o desejo do governo.

Bem gostaríamos de não precisar de um plano B. Era bom sinal, mas infelizmente parece que não será assim, porque a ASPP/PSP e a APG/GNR, defendem o pagamento faseado do subsídio de risco até 2024. Em janeiro de 2022 seriam pagos 200 euros, em 2023 aumentava para 300 euros, fixando-se em 2024 nos 400 euros. Ou seja, reivindicamos um subsídio de risco idêntico ao da Polícia Judiciária, por exemplo, que é cerca de 340 euros mensais.

A ser verdadeiro uma união entre sindicatos, como é o caso exemplar da ASPP/PSP e a APG/GNR, as exigências e as reivindicações com estes objetivos e desta forma, são uma aliança intransponível. Não tenhamos ilusões, é tempo do agora ou nunca. A esperança é a última a morrer.