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Manifestação na Malásia contra o governo apesar da proibição de reuniões públicas

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Foto EPA

Centenas de pessoas manifestaram-se hoje contra o governo na Malásia, apesar da proibição de reuniões públicas por razões de saúde, e exigiram a demissão do primeiro-ministro, politicamente enfraquecido.

Vestidos de preto, usando máscaras e mantendo uma distância segura uns dos outros, os manifestantes levavam bandeiras negras e cartazes onde se lia "governo falhado".

O protesto foi a primeira grande manifestação na Malásia desde há vários meses, uma vez que as restrições sanitárias e os receios de contaminação têm sido um fator dissuasor para muitos.

A população está cada vez mais descontente com o governo, a forma como está a lidar com a pandemia - que está a progredir apesar do confinamento -- e com as tentativas do primeiro-ministro, Muhyiddin Yassin, de manter a sua administração no comando.

"Estamos a lutar porque, enquanto as pessoas sofrem, este governo está ocupado a fazer política", disse Karmun Loh, um participante no protesto no centro de Kuala Lumpur.

"Este governo (...) está a paralisar a economia e também a destruir a nossa democracia", acrescentou.

Muhyiddin é "um primeiro-ministro muito mau", disse Shaq Koyok, outro manifestante, para quem o chefe do governo "deve demitir-se".

As forças policiais, em grande número no local, impediram os manifestantes de entrar numa praça central e o protesto terminou pouco depois pacificamente.

A manifestação contou com a presença de cerca de 1.000 pessoas, segundo os organizadores, 400, segundo a polícia.

A polícia disse aos meios de comunicação locais que os manifestantes, que violaram a regra que proíbe os comícios, seriam contactados para serem interrogados.

O primeiro-ministro chegou ao poder em março de 2020 sem ser eleito, retirando o seu partido da então coligação governamental para se aliar ao partido Organização Nacional dos Malaios Unidos (UMNO), envolvido em escândalos de corrupção.

No início de julho, a UNMO retirou o apoio ao primeiro-ministro e apelou para que se demitisse pela forma como lidou com a pandemia.

O regresso do Parlamento esta semana, após meses de suspensão imposta pelo estado de emergência sanitária, deixou o primeiro-ministro ainda mais isolado.

O estado de emergência sanitária do país, de seis meses, deverá terminar no domingo, mas o confinamento a nível nacional continua em vigor.

Desde o início da pandemia, a Malásia registou quase 1,1 milhões de casos de covid-19 e 8.800 mortes.