Crescimento das renováveis abranda em 2020 e solar e eólica têm aumento recorde
As energias renováveis (excluindo hídrica) cresceram a nível global 9,7% em 2020, um ritmo abaixo da média dos últimos 10 anos, com eólica e solar a registarem aumento anual recorde, revelou ontem o estudo anual da BP.
De acordo com a 70.ª edição do estudo anual sobre os mercados energéticos globais da petrolífera BP, em 2020, ano marcado pela pandemia, "as energias renováveis (incluindo os 'biofuels', mas excluindo a hídrica) cresceram 9,7%, a um ritmo menor do que a média de crescimento dos últimos 10 anos (13,4% por ano), mas com um crescimento absoluto em termos energéticos (2,9 EJ [exajoules]) comparável com os crescimentos assistidos em 2017, 2018 e 2019".
No ano em análise -- que a BP diz ter sido marcado por um "impacto dramático" nos mercados energéticos - as energias renováveis continuaram a sua trajetória de forte crescimento, com destaque para a energia eólica e a solar que tiveram o seu maior crescimento anual, aumentando, no conjunto, para uns "colossais 238 GW" (gigawatts).
"O que é encorajador é que 2020 foi também o ano para as renováveis se destacarem na produção global de energia, registando o crescimento mais rápido de sempre -- impulsionado maioritariamente pelo custo associado à produção de energia a partir do carvão", afirmou o economista-chefe da BP, Spencer Dale, em comunicado.
A eletricidade solar cresceu 20% em 2020, para recordes de 1,3 EJ, embora tenha sido a eólica a dar o maior contributo para o crescimento das renováveis, atingindo os 1,5 EJ.
A capacidade de produção de energia solar aumentou 127 gigawatts (GW), enquanto que a eólica cresceu 111 GW, quase duplicando o maior nível de crescimento registado anteriormente.
Por geografias, a China foi o país que mais contribuiu para o crescimento das renováveis (1,0 EJ), seguida dos EUA (0,4 EJ).
Por continentes, a Europa foi a região que mais contribuiu para o crescimento daquele setor, com 0,7 EJ.
Por último, a quota das renováveis na produção de energia cresceu de 10,3% para 11,7%, enquanto que o carvão caiu 1,3 pontos percentuais para 35,1%.
O relatório Statistical Review da BP foi publicado pela primeira vez em 1952 e tem fornecido, ao longo do tempo, informações sobre os episódios mais dramáticos na história do sistema de energia mundial, incluindo a crise do Canal Suez em 1956, a Crise do Petróleo em 1973, a revolução Iraniana em 1979 e o desastre de Fukushima, no Japão, em 2011.