"Líderes ocidentais não salvaguardaram condições idênticas de concorrência"
Considerações de José Manuel Rodrigues na apresentação do livro 'O Fim do Ocidente? A Europa, os Estados Unidos e o Resto do Mundo numa Nova Era Global'
O Salão Nobre da Assembleia Legislativa da Madeira acolheu, esta tarde, a apresentação da obra' O Fim do Ocidente? A Europa, os Estados Unidos e o Resto do Mundo numa Nova Era Global' de Francisco Gomes. O presidente da Assembleia Legislativa da Madeira presidiu à cerimónia e apontou “o crescimento económico da Ásia e do Pacífico” e a “quebra de competitividade das economias europeia e norte-americana” para dizer que estamos perante uma “mudança nos equilíbrios geoestratégicos do pós-Guerra Fria”.
“Este avanço das economias emergentes com penetração nos mercados internacionais e em países onde pontificavam, até há poucas décadas, as influências e produtos dos Estados Unidos, ou da União Europeia, tem que ver, também, com o facto de os líderes ocidentais não terem salvaguardado, nas negociações internacionais, condições idênticas de concorrência”, salientou José Manuel Rodrigues.
Referiu ainda que “os menores custos de produção e de contexto e uma fiscalidade reduzida, tornaram estas economias mais produtivas e competitivas do que as do Ocidente”.
“Entregámo-nos aos produtos apelativos e baratos da Ásia e do Pacífico e esquecemos, como esta pandemia veio demonstrar, que estávamos com isso a hipotecar a nossa soberania e o nosso poder e influência no contexto mundial”, alertou.
José Manuel Rodrigues acredita que “a recente eleição de Joe Biden nos Estados Unidos e a sua abertura a uma nova cooperação com a União Europeia” fará “com que o Ocidente tenha uma palavra e uma ação decisiva na Nova Ordem Mundial”.
Marques Mendes é autor do prefácio
‘O Fim do Ocidente? A Europa, os Estados Unidos e o Resto do Mundo numa Nova Era Global’ é a 12.ª obra de Francisco Gomes e conta com prefácio de Luís Marques Mendes, comentador televisivo, e antigo ministro e antigo presidente do Partido Social Democrata.
"Neste momento, a questão mais pertinente que se coloca aos estados ocidentais, especialmente aos Estados Unidos e à União Europeia, é como enfrentar esta alteração nas regras do jogo internacional e adaptar a sua estratégia de forma a manter alguma relevância no contexto global das nações”, considera Luís Marques Mendes.
Refere o analista político que “paradoxalmente, só admitindo o seu próprio declínio poderá o Ocidente ser bem-sucedido nesta nova ordem mundial, encontrando uma renovada voz num planeta no qual já não tem o poder para impor os seus ideais e abraçando uma nova abordagem que lhe permita materializar os seus objetivos num mundo diferente e cada vez mais diverso. «Neste quadro de dúvidas, ansiedades e interrogações, este livro de Francisco Gomes é uma reflexão útil e necessária. Vem no momento certo. Com a intensidade analítica que se impõe. A desafiar a nossa reflexão individual e coletiva”, conclui Luís Marques Mendes
A apresentação do livro esteve a cargo de Paulo Miguel Rodrigues, professor e investigador da Faculdade de Artes e Humanidades da Universidade da Madeira, com obras publicadas nas áreas da História Política, Autonomia e Diplomacia Luso-Britânica.