Cientista que desenvolveu vacina chinesa aceite pela Madeira morre da doença
Novilia Sjafri Bachtiar é uma das mais de mil vítimas no país asiático, num dia em que foram batidos recordes diários de novos casos e mortes
A cientista principal que desenvolveu os testes clínicos da vacina Sinovac na Indonésia morreu ontem vítima de covid-19, segundo reportam os meios de comunicação locais e confirmados pela agência Reuters. Novilia Sjafri Bachtiar é uma das mais de mil vítimas de covid-19, num dia em que o país do sudoeste asiático bateu os resordes diários de novos casos e de mortes.
A Indonésia é um dos países onde a vacina Sinovac tem sido mais amplamente usada e que recentemente foi declarado pelo secretário regional de Saúde da Madeira, Pedro Ramos, como uma das que é aceite como boa para permitir a entrada de turistas com o certificado digital na Região Autónoma.
Ainda que não haja uma correlação entre a morte da reputada cientista indonésia e a eficácia (ou não) da vacina chinesa, a verdade é que desde 1 de Junho que a Organização Mundial de Saúde (OMS) validou a Sinovac para uso de emergência e emitiu recomendações de políticas provisórias.
Citando a agência de notícias do país com mais de 270 milhões de habitantes, a cientista de 52 anos Novilia Sjafri Bachtiar morreu de coronavírus. A notícia da Kumparan, com sede em Jacarta, também é confirmada pela Sindonews, que citou "um funcionário da empresa farmacêutica estatal BioFarma, que afirmou que ela tinha sido enterrada de acordo com os protocolos da covid-19".
O ministro responsável pelas empresas estatais, Erick Thohir, publicou uma mensagem no Instagram lamentando a "enorme perda" na BioFarma, que está a produzir a vacina, mas não revelou a causa da morte.
"Ela foi cientista-chefe e chefe de dezenas de testes clínicos feitos pela BioFarma, incluindo testes clínicos da vacina covid-19 em cooperação com a Sinovac", disse, citado pelos meios de comunicação. O Sinovac "foi produzido e injectado em dezenas de milhões de pessoas na Indonésia, como parte de nosso esforço para nos vermos livres dessa pandemia covid-19", acrescentou.
Refira-se que "a infecção e as mortes de profissionais de saúde na Indonésia que receberam a vacina Sinovac aumentaram as dúvidas sobre sua eficácia na prevenção de hospitalização e morte", garantem ainda. "De acordo com o grupo de dados independente Lapor Covid-19, 131 profissionais de saúde, a maioria vacinados com a vacina Sinovac, morreram desde Junho, incluindo 50 em Julho".
Com um recorde de mais de mil mortes e também o máximo diário desde o início da pandemia de 34.379 infecções, esta última vaga de infecções está a ser "impulsionada pela variante Delta, identificada pela primeira vez na Índia".
É ainda citado o porta-voz da Sinovac, Liu Peicheng, que em Junho dissera à Reuters que "os resultados preliminares mostraram que a vacina produziu uma redução de três vezes no efeito neutralizante contra a variante Delta".
Recorde-se que Pedro Ramos disse que a Madeira, ao contrário de Portugal continental, onde apenas são aceites uma das quatro vacinas aprovadas pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA), nos casos a BioNTech-Pfizer, a Moderna, a AstraZeneca e a Janssen, as outras vacinas "não aprovadas pela Europa", casos da Sinopharm ou a Sinovac (chinesas), Sputnik (russa), Covaxin (indiana), Epivaccorona (russa) ou a Soberana (cubana) são também válidas" para os viajantes que queiram vir à Região. E acrescentou: "A Madeira considerou receber todas as vacinas que foram administradas até agora no mundo inteiro. Se milhões de pessoas fizeram a sua vacinação [com as outras vacinas], “naturalmente que o seu grau de protecção é semelhante às outras vacinas.”
Madeira aceita entrada de pessoas com vacinas 'não aprovadas'
Ao contrário da DGS que só considera válidas as quatro vacinas aprovadas pela Agência Europeia do Medicamento
Em Junho, conforme noticiou a agência Lusa, "o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, levantou dúvidas quanto à eficácia da vacina chinesa contra a covid-19, apontando como exemplo a falta de resultados da Sinovac no Chile, e também quanto à russa Sputnik". E frisou: "A vacina chinesa (Sinovac), que nunca fez o pedido [junto da EMA] e que, em todo caso, a EMA também não aprovou, mostrou-se inadequada para enfrentar a pandemia, como se pode verificar pela experiência do Chile."
Vacina chinesa é ineficaz e a russa não será aprovada pela UE
O primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, levantou sexta-feira dúvidas quanto à eficácia da vacina chinesa contra a covid-19, apontando como exemplo a falta de resultados da Sinovac no Chile, e também quanto à russa Sputnik.