Madeira

“Tratar igual o que é igual, e diferente o que é diferente”

Provedora da Misericórdia de Machico ‘esclarece’ a razão dos recados

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Desafiada a esclarecer o alvo dos recados que implicitamente deixou durante a intervenção que fez na presença do bispo do Funchal, D. Nuno Brás, do presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, e da vereadora em representação da Câmara Municipal de Machico, Mónica Vieira, a provedora da Santa Casa da Misericórdia de Machico, Nélia Martins, não ‘abriu o jogo’ mas deu a entender que esperava mais da Autarquia local.

Começou por esclarecer “não me queixei da falta de apoios”. Lembra que “foi dito no início da pandemia que era preciso repensar os lares e as misericórdias e as IPSS que praticam este tipo de actividade, mas até a presente data parece-me que em termos de acção isso não ficou reflectido em medidas de apoio o suficiente para aquilo que nós temos efectivamente que fazer”, com destaque para os 77 idosos que a Misericórdia acolhe na valência de Lar, o que implica trabalhar 24 horas por dia. “Eu não posso fechar e fazer teletrabalho”, aponta.

Além do relevante compromisso social, a própria questiona e responde: “Qual é a dignidade que nós queremos dar para o fim de vida? Queremos o suficiente ou queremos o adequado, o ideal para pessoas que trabalharam uma vida e que estão em fim de vida. Isto não é um depósito”, reclamando por isso condições para poder oferecer “mais qualidade”.

Questionada sobre os apoios recebidos, a resposta, mesmo que indirecta, acaba por ser esclarecedora.

“Cada um, não só em palavras, deve reflectir nas medidas adoptadas o apoio que nós temos. Parece-me que o apoio do Governo Regional à instituição é quase incontestável”, considerou. Já sobre o apoio da Câmara de Machico nada disse. Mas disse que “os apoios que se dá deve ser em função do serviço prestado. Em fase de pandemia não me parece adequado distribuir irmãmente por toda a gente. Parece-me adequado distribuir de acordo com os serviços que são prestados e com aqueles que são essenciais e que não se pode fechar”. Para bom entendedor a explicação parece encaixar na Autarquia que no ano passado apoiou a Misericórdia com 20 mil euros.

Com várias valências na Santa Casa, Nélia Martins defende que os apoios devem ser dados numa perspectiva de equidade e não de igualdade. “Tratar igual o que é igual, e diferente o que é diferente. Esse é o princípio da igualdade”, concluiu a advogada.