Madeira

Vacinas contra a covid-19 são seguras, garante especialista madeirense da AstraZeneca

Centro de Química da Madeira promoveu esta segunda-feira, 5 de Julho, a primeira sessão da ‘CQMTalks’

Centro de Química da Madeira conta com 74 investigadores.
Centro de Química da Madeira conta com 74 investigadores., Foto DR

O Centro de Química da Madeira iniciou esta segunda-feira, 5 de Julho, o ciclo de conferências ‘CQMTalks’, com o tema ‘Using Gene Therapy Approaches to Prevent Pandemics’ (utilizar abordagens de terapia genética para prevenir pandemias), proferida por Luís Santos, especialista em desenvolvimento farmacêutico e biotecnológico na companhia americana AstraZeneca.

João Rodrigues, director do Centro de Química da Madeira (CQM), explica que estas conferências pretendem mostrar aos professores, estudantes e colaboradores do CQM a realidade de outros Centros de Investigação, não só académicos, mas também de empresas, através do relato de pessoas que: “não vêm falar exclusivamente de ciência, daquilo que fazem, mas também vêm falar sobre a sua experiencia profissional ou das novas ideias que têm para a investigação seja na área da química, seja para outras áreas”.

As conferências decorrem sob formato híbrido, presencial e ‘on-line’, a inscrição é gratuita e está aberta ao público em geral. A primeira sessão contou com cerca de 50 espectadores.

A primeira conferência do ‘CQMTalks’ contou com a presença do madeirense, Luís Santos, doutorado em Química de Materiais pelo Departamento de Química da Universidade da Madeira (2009), actualmente trabalha como especialista em desenvolvimento farmacêutico e biotecnológico na AstraZeneca nos Estados Unidos da América, com uma equipa constituída por cinco mil pessoas. Luís Sousa expôs formas de utilizar a terapia genética “para ultrapassar pandemias como a que estamos a viver agora, a covid-19”.

A terapia genética consiste em utilizar mRNA ou DNA para gerar o antigénio de interesse, neste caso, é o chamado ‘spike protein’, que vai induzir uma resposta imunitária que confere a protecção contra a covid-19.   Luís Santos.

O investigador explica que a tecnologia de mRNA tem vindo a ser utilizada há cerca de 10 anos, para "produzir não só vacinas, mas outros produtos aplicados na área de oncologia". Segundo Luís Santos, a pandemia fez com que cientistas tivessem a oportunidade de trabalhar e desenvolver essa tecnologia num tempo recorde, o caso das empresas Moderna e Pfizer, que utilizaram esse método para criar a vacina contra a covid-19. 

Já a vacina da AstraZeneca utiliza o "‘adenovírus’ para libertar também material genético", de acordo com madeirense, a vacina da AstraZeneca é "uma vacina segura, sendo que demonstrou eficácia superior a 65%".

Em relação aos efeitos secundários, Luís Santos destaca que o número de casos reportados, quando comparados com a taxa de pessoas já vacinadas, é relativamente baixo. “A percentagem de pessoas que infelizmente têm sentido efeitos secundários é muito pequena, estamos a falar de percentagens na ordem dos 0,001%", assegura. 

Luís Santos relata que a esperança da comunidade cientifica é que as vacinas demonstrem eficácia contra "as múltiplas variantes e que, eventualmente, consigamos extinguir a covid-19", sem descartar a possibilidade do vírus se tornar sazonal.

Existe também a possibilidade disto se tornar sazonal, nesse caso teríamos que tomar a vacina como se fosse para a gripe ou poderá haver um produto que combine as duas vacinas, da covid-19 com a vacina da gripe. As pessoas poderão ter de tomar uma terceira dose, em que o nosso sistema imunitário já está preparado e nesse caso só precisamos de uma única dose para nos ajustarmos às novas variantes. Luís Santos.

O investigador assegurou que as vacinas contra a covid-19 são seguras e demonstrou confiança quanto à sua eficácia, garantindo que ele próprio já completou a vacinação com as duas doses da vacina da Pfizer, que tem demonstrado eficácia de 90%. 

Os números que têm vindo de países em que a percentagem de pessoas vacinadas já atingiu os 65/70% é que o número de casos de pessoas que têm sido hospitalizadas reduziu drasticamente, portanto existe um benefício excelente das vacinas. Luís Santos.