Bolsonaro entre 37 líderes mundiais "predadores da imprensa"
O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, é um dos 37 líderes de todo o mundo que os Repórteres Sem Fronteiras (RSF) consideram "predadores da liberdade de imprensa", numa lista que inclui Bashar al-Assad, Xi Jinping e Viktor Orbán.
Bolsonaro é um dos quatro políticos latino-americanos classificados como predadores, juntamente com os presidentes de Cuba, Miguel Díaz-Canel, Nicarágua, Daniel Ortega, e Venezuela, Nicolás Maduro.
Na lista surgem ainda o chefe de Estado russo, Vladimir Putin, Recep Tayip Erdogan, da Turquia, bem como, pela primeira vez, um líder de um país da União Europeia (UE), o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán.
Bolsonaro foi incluído na lista publicada hoje, que não era atualizada desde 2016, devido às suas ações desde que chegou ao poder, em 2019, em relação aos meios de comunicação social, que incluem insultos, humilhações e "ameaças vulgares", segundo os RSF.
Desde que chegou ao poder, "o trabalho da imprensa brasileira tornou-se extremamente complicado", salientou a organização não-governamental (ONG).
A organização critica Bolsonaro pela "retórica belicista e desbocada", que é amplificada por pessoas da sua cúpula e por "uma base organizada", uma vez que a partir das redes sociais os seus apoiantes propagam ataques com o objetivo de "desacreditar a imprensa, apresentada como um inimigo do Estado".
Os principais alvos dos seus ataques são mulheres jornalistas, analistas políticas e a rede Globo, a que chamou "televisão funerária", porque noticia as mortes causadas pela covid-19 no Brasil.
De acordo com os RSF, a rede Globo foi alvo de 180 ataques no ano passado.
A ONG recordou também que a rede Globo está sob a ameaça de não obter a renovação da frequência em 2022.
Os RSF incluíram pela primeira vez na lista um líder de um país da União Europeia, Viktor Orbán.
Desde que Orbán regressou ao poder, em 2010, tem minado de forma reiterada "o pluralismo e a independência dos meios de comunicação social", criticou a RSF.
A ONG acusa o primeiro-ministro húngaro de transformar o serviço público de rádio e televisão num "órgão de propaganda" e de ter reduzido os meios de comunicação privados ao silêncio, graças a manobras político-económicas e à compra dos meios de comunicação por alguns oligarcas ligados ao seu partido, Fidesz.