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Uma Autonomia ao serviço das pessoas

Bem sei que há quem queira manter artificialmente um contencioso sobre a Autonomia e culpar sempre Lisboa de tudo

Na semana passada, por ocasião do dia da Região, muito se falou de Autonomia. Mas não basta falar e continuar tudo na mesma. Muito menos falar-se de Autonomia, num plano de dialéctica e de combate político, esquecendo-se de que a Autonomia só é importante se servir para resolver os problemas dos madeirenses e porto-santenses. Problemas como o do desemprego, como o de depender de uma cunha de “alguém importante” para ter uma oportunidade, como o de ter um emprego em que o salário nem chega para meio mês, como o de estar há anos à espera de uma cirurgia, ou o de receber uma pensão de miséria e mesmo assim ainda ter a necessidade de ajudar os filhos e os netos.

O mundo da política não pode viver desfasado da realidade e do dia a dia das pessoas, porque se assim for, não passa de um palco onde uns actores, alguns políticos, actuam zelando pelos seus próprios interesses e outros, os cidadãos e eleitores, assistem como espectadores, como se o que os primeiros fazem não tivesse implicação nas suas vidas.

Bem sei que há quem queira manter artificialmente um contencioso sobre a Autonomia e culpar sempre Lisboa de tudo, para ocultar a sua incapacidade de resolver o que lhe compete. Isso serve também para manter os cidadãos anestesiados, para não dizer desligados e desacreditados da política, porque essa é a melhor forma de desarmar a cidadania, porque essa é a melhor forma de dominarem e perpetuarem-se no poder. É também a melhor forma de encobrir a corrupção e os interesses clientelares. Sim, porque a tudo isso junta-se o medo e a manipulação, que inibe a participação e fomenta a submissão, de modo a que as pessoas não perguntem, não controlem.

Já é hora de acabar com a lógica do máximo benefício individual, seja daqueles que através de uma rede de interesses procuram ser mais ricos à custa de uma maioria cada vez mais pobre, seja numa lógica de que o que mais interessa é o partido, mesmo que isso signifique nunca resolver problema algum. Os problemas nunca se resolverão com opções em que o interesse de uma elite se sobreponha ao interesse do colectivo.

Pelo caminho vão insultando adversários políticos e provocando assassinatos de carácter, ao mesmo tempo que aprisionam instituições da sociedade civil, que actuam como uma “infantaria” ao serviço de um partido e não em função do objecto social para as quais foram criadas. Temos de construir uma sociedade mais livre, mais inclusiva, mais participativa, em que se erradique a violência verbal e psicológica como forma de afastar, e se respeite a diversidade e a diferença. Temos de estar conscientes, vigilantes e implicados com a realidade política, social e económica.

É necessário que as pessoas abram os olhos e tenham um sobressalto cívico sobre o modo de actuar do PSD, que usa e abusa da demagogia, do populismo, da imoralidade política e do oportunismo, só com o objectivo de manutenção no poder. A este Governo Regional do PSD/CDS só interessa o imediato, o futuro pouco importa.

O PS Madeira tem enormes responsabilidades nas transformações que são necessárias provocar. A Região Autónoma da Madeira enfrenta hoje desafios que implicam rigor, competência, e coragem política para assumir as mudanças estruturantes necessárias nas diversas áreas de governação. É necessário um novo ciclo de desenvolvimento, sustentado na dinamização da economia, na criação de emprego, aposta na qualificação da nossa população, na inovação e tecnologia, e em políticas e projetos que tenham sempre em conta a sustentabilidade ambiental e social.

Importa, por tudo isso, discutir que futuro queremos para a Autonomia, que desafios nos apresentam, qual deve ser o caminho a trilhar, e quais as prioridades que devemos desenvolver.

O PS Madeira assume com clareza a defesa de vários pontos polémicos e que têm existido entre o Governo Regional e a República, com propostas concretas que o partido defende, em matérias como as da continuidade territorial e mobilidade aérea e marítima, Estatuto Político-Administrativo e Constituição, Lei das Finanças, CINM e Universidade da Madeira. Defendemos frontalmente o que consideramos que deve ser o posicionamento do Partido Socialista, e aquelas que devem ser as medidas a serem solucionadas pelo Governo da República. É necessário empreender um diálogo muito sério entre a Região e a República, e não podemos continuar a alimentar um pseudo-contencioso promovido pelo PSD Madeira que apenas tem como objetivo manter tudo na mesma.

Temos de ter mais ambição do que a que temos tido até agora como povo, de construir uma Região mais justa, com mais igualdade, com mais oportunidades e dignidade, e não há nada mais digno do que lutar por aquilo que é mais justo. E uma Autonomia que sirva para resolver os problemas dos madeirenses e porto-santenses é o que de mais justo pode haver.