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Rio concorda com César sobre ser imoral retirar vantagens políticas de acidente com carro do MAI

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O presidente do PSD, Rui Rio, concorda com a posição do presidente do PS, Carlos César, que considerou imoral que os partidos retirem vantagens políticas do acidente que envolveu o carro do ministro da Administração Interna (MAI).

"Penso que sim, penso que é imoral tirar vantagens políticas do desastre que houve com o carro do ministro da Administração Interna. Desse ponto de vista, a quem ele [Carlos César] se estiver a dirigir, estará eventualmente com razão, não se está a dirigir seguramente ao PSD que não fez isso", disse Rui Rio.

Em declarações aos jornalistas na Figueira da Foz, distrito de Coimbra, à margem de uma reunião da direção nacional do Conselho Estratégico Nacional do PSD, Rui Rio voltou a defender a existência de um relatório que diga "exatamente como as coisas aconteceram", nomeadamente "a velocidade a que o carro circulava".

O líder social-democrata manteve, por outro lado, a questão em redor do carro onde se deslocava o MAI "não estar registado", argumentando que enquanto o automóvel "não for perdido a favor do Estado o Estado não o deve utilizar".

"Isto não tem nada a ver com o desastre em si, mas o Estado está a utilizar automóveis que ainda não foram perdidos a favor do Estado. Se um juiz vier a determinar o contrário, o Estado vai ter de devolver o carro ao dono, onde estão lá metidos milhares e milhares de quilómetros. Não sei se isto é praticado há pouco tempo, se é praticado há muito tempo. Mas tenho sérias dúvidas se isto é correto, o carro tem um dono, enquanto não for perdido a favor do Estado o Estado não o deve utilizar", disse Rui Rio.

Na quinta-feira, o Ministério da Administração Interna esclareceu que o carro em que seguia o ministro Eduardo Cabrita, envolvido num acidente mortal, encontra-se "na situação jurídica de apreendido" e tem uma guia para poder circular válida até maio de 2023.

"O veículo encontra-se na situação jurídica de apreendido e não foi declarado perdido a favor do Estado. Assim, para poder circular na via pública, a Entidade de Serviços Partilhados da Administração Pública (ESPAP) emitiu uma guia para que o veículo possa circular válida até 13 de maio de 2023", disse à agência Lusa fonte do Ministério da Administração Interna (MAI).

O esclarecimento do MAI surgiu após o presidente do PSD ter afirmado que o carro em que seguia o ministro da Administração Interna não está registado e exigiu esclarecimentos, lamentando que a questão ande "de trapalhada em trabalhada".

Em 18 de junho, o carro em que seguia o ministro da Administração Interna atropelou mortalmente na autoestrada 6 (A6), na zona de Évora, um trabalhador que fazia a manutenção da via.

Questionado sobre se considerou satisfatórias as explicações dadas pelo ministro Eduardo Cabrita - na sexta-feira, o MAI, entre outros argumentos, disse que o acidente mortal que envolveu o carro em que seguia na A6 não deve ser usado para "confrontação política" e remeteu a sua eventual a saída do Governo para o primeiro-ministro -- Rio frisou que o que o ministro disse "na prática, devia ter dito já há bastante mais tempo".

"Eu, e penso que isso é transversal aos dez milhões de portugueses, tenho obviamente muito respeito pelo sofrimento que uma situação destas acarreta para quem a vive", enfatizou, considerando a situação "absolutamente dramática".

"Compreendo que [Eduardo Cabrita] não falasse logo no imediato. Agora, passaram 15 dias, já devia ter falado mas o relatório que vai sair é que vai falar sobre as circunstâncias em que as coisas aconteceram", reafirmou.

Sobre a eventual saída de Eduardo Cabrita do Governo, Rui Rio disse isso é da responsabilidade do primeiro-ministro.

"Eu, sobre esse ministro e outros ministros, digo sempre rigorosamente a mesma coisa: O primeiro-ministro é que sabe o momento em que deve substituir os ministros, é da inteira responsabilidade dele. Há depois situações, que se vão arrastando, e que se o primeiro-ministro insiste em não fazer a mudança, passa a ser ele o responsável politico direto por aquilo que acontece nesse ministério", alegou.

"No caso do ministério da Administração Interna, não por esta situação última, mas pelas muitas situações acumuladas, eu já disse que se fosse comigo, este não seria o ministro da Administração Interna, já teria trocado. Mas não é comigo, é com o atual primeiro-ministro", reforçou Rui Rio, acrescentando que no MAI "se está tudo bem" é António Costa "que está a assumir diretamente as responsabilidades".