Detidos em Paris nove suspeitos de burlar Estado francês em dois milhões de euros
Nove pessoas foram presas esta semana em Paris, oito cidadãos moldavos e um francês, suspeitos de envolvimento numa rede que burlou o Estado francês em mais de dois milhões de euros, anunciaram hoje as autoridades do país.
A rede transportava moldavos de autocarro para a capital francesa, com o objetivo de enganar um programa de assistência ao repatriamento.
Dos nove detidos, um ficou em prisão preventiva, cinco ficaram sob custódia judicial e uma pessoa foi posta em liberdade, informou a polícia em comunicado.
A investigação começou em junho de 2018, após um relatório do Gabinete Francês da Imigração e Integração (Ofii).
Em 2019 foi aberta uma investigação pelo Ministério Público de Bobigny, um subúrbio de Paris, e criada uma equipa de investigação conjunta com a Moldávia, que contou com o apoio da Eurojust e da Europol.
A rede é suspeita de ter recrutado cerca de 1.700 cidadãos moldavos, disse à France-Presse o general Philippe Thuriès, chefe do Gabinete Central de Luta contra o Trabalho Ilegal, responsável pela investigação no lado francês.
Os cidadãos moldavos candidatavam-se "sob falsos pretextos" a um programa de "ajuda ao regresso e reintegração" que pretendia "facilitar a reinserção social e económica dos migrantes moldavos em França que se voluntariavam para regressar à Moldávia", acrescentou a força policial.
Os suspeitos "transportaram pessoas recrutadas na Moldávia, de autocarro, para Paris, onde solicitavam assistência financeira no âmbito daquele programa, com recurso a documentos falsos", de acordo com os investigadores.
Depois, regressavam "imediatamente à Moldávia, após terem recebido entre 700 e 1.350 euros pela sua participação no programa".
Os alegados cabecilhas da rede "embolsavam o resto do apoio financeiro oferecido por este dispositivo, entre 5 mil e 7 mil euros por pedido", disse ainda a polícia.
Os prejuízos causados ao Estado francês são estimados em cerca de 2,2 milhões de euros.
Na segunda-feira foram realizadas buscas simultâneas em 32 locais na região de Paris e na Moldávia, nomeadamente na capital, Chisinau, e em Briceni.
Foram apreendidos veículos, material informático e dinheiro em diferentes divisas.
"É um assunto grave que está relacionado com o uso indevido de procedimento de asilo, uma vez que estas pessoas também pediam asilo", reagiu o chefe do Ofii, Didier Leschi, em declarações à France-Press.
"Constatamos que as nacionalidades que podem vir para França sem visto estão a contornar os procedimentos e a finalidade das ajudas", acrescentou, felicitando "a vigilância do Ofii, que permitiu detetar o problema".