Principais bancos da UE perderiam um terço do capital com 3 anos de crise severa
Os principais bancos da União Europeia (UE) perderiam quase um terço do capital de primeira qualidade (CET1) em três anos de crise severa, segundo os testes de pressão divulgados hoje pela Autoridade Bancária Europeia (EBA, na sigla em Inglês).
Não obstante, os 59 bancos europeus analisados manteriam um CET1 médio de 10,2%, segundo a análise, que foi adiada um ano devido à pandemia do novo coronavirus, e agora feita com parâmetros mais severos, para levar em conta a deterioração da situação económica global.
O exercício abrangeu 38 bancos da Zona Euro, que representam cerca de 70% de todos os ativos da União Europeia, e pela primeira vez não teve a participação de instituições britânicas.
O cenário-base de trabalho foi mais gravoso do que o de há um ano, incluindo uma descida do produto interno bruto da UE de 3,6% entre 2020 e 2023 e uma subida do desemprego em 4,7 pontos percentuais no mesmo período.
A baixa do preço da habitação em 21,9% e a assunção de que as taxas de juro continuariam baixas, para favorecer a recuperação, estão também entre as variáveis contempladas.
A avaliação estabelece um cenário de partida em que os bancos tinham um CET1 médio de 15% no início de 2020 e deveriam ter 15,8% em 2023, cumprindo os futuros requisitos legais, mas, dados aqueles parâmetros, cairiam para 10,2%.
A hipotética perda de capital CET1 equivaleria a 265 mil milhões de euros, o que, junto ao aumento da exposição ponderada pelo risco de 868 mil milhões de euros, representa uma descida de 485 pontos básicos no CET1.
O principal fator negativo no capital dos bancos estaria constituído pelas perdas derivadas do risco (avaliadas em 308 mil milhões de euros).
O debilitado cenário económico afeta também os resultados, pela redução dos lucros.
A autoridade bancária destacou que o nível de capital de primeira qualidade manter-se-ia acima de 10%, apesar do exigente cenário.