Presidente da Bielorrússia admite pedir ajuda de tropas russas se for necessário
O Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, manifestou-se hoje preparado para pedir uma intervenção de tropas russas no país no caso de um sério risco para a segurança nacional.
Em declarações divulgadas pela agência oficial Belta, Lukashenko salientou que tinha tratado dos protestos antigovernamentais do ano passado sem envolver as forças armadas de outros países, mas acrescentou que não hesitaria em pedir o envio de tropas russas, se necessário.
Contudo, salientou que "não há necessidade disso agora", uma vez que a Bielorrússia tem capacidade para chamar rapidamente às armas 500.000 do seu próprio pessoal.
Mas, "se isso não for suficiente, estacionaremos aqui todas as forças armadas da Rússia", advertiu.
"Isto nunca irá acontecer. Mas, se for necessário, não hesitaremos", acrescentou, citado pelas agências Efe e Associated Press.
Moscovo e Minsk têm estreitos laços militares e de defesa, e duas estações de radar russas que asseguram a comunicação com submarinos nucleares no Atlântico, na Índia e em partes do Pacífico estão sediadas na Bielorrússia.
As duas nações da antiga União Soviética têm programados exercícios militares conjuntos em larga escala em setembro, denominados "Zapad 2021", que mereceram críticas internacionais.
"Quantas manobras é que eles [países da NATO] realizaram perto das nossas fronteiras?", questionou Lukashenko, citado pela Belta, numa referência às críticas internacionais aos exercícios militares conjuntos com a Rússia.
Na crise política que afetou a Bielorrússia após a reeleição de Lukashenko para um sexto mandato em agosto de 2020, a Rússia prometeu apoio militar e atribuiu um empréstimo de 1,5 mil milhões de dólares (1,2 mil milhões de euros) à Bielorrússia.
Lukashenko enfrentou meses de protestos quando foi anunciado vencedor das eleições, que foram consideradas fraudulentas pela oposição e pelo Ocidente.
O regime respondeu aos protestos de forma violenta, com a polícia a espancar milhares de manifestantes nas ruas e a deter 35.000 pessoas.
Na sequência da crise, União Europeia e Estados Unidos impuseram múltiplas sanções contra a liderança bielorrussa e setores-chave da economia do país.
Lukashenko acusou o Ocidente de tentar orquestrar uma revolução na Bielorrússia, nomeadamente pressionando o país com sanções.
"Parecem procurar os nossos pontos nevrálgicos. Atingem principalmente os setores de exportação da economia bielorrussa (...), mas o principal objetivo é deixar o povo sem pensões, salários, benefícios, educação, cuidados médicos e causar descontentamento entre os bielorrussos", disse Lukashenko.