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Moradores de São Jorge não querem uma freguesia ‘apagada’

Nesta ‘Volta à Ilha’ passamos por São Jorge, em Santana, e ouvimos propostas para uma terra mais dinâmica e virada para o turismo e as suas gentes

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Numa terra marcada pelo envelhecimento, com grande parte da população a se dedicar à agricultura, quem ‘fica’ ou quem ‘volta’ pede mais atenção. Há potencial em muitas áreas. Basta saber aproveitar.

“São Jorge tem potencial do mar à serra”. Tiago Fernandes, de 30 anos, não tem dúvidas que a freguesia, no concelho de Santana, tem muito para oferecer aos residentes e aos visitantes. Mas não basta ter. Há que saber dinamizar e vender o produto para fazer face à concorrência de outras localidades.

O jovem, que já esteve emigrado em Inglaterra e na Suíça, aponta algum desenvolvimento na freguesia, mas defende uma aposta “a começar pela beira-mar”, visto que há uma infra-estrutura com piscinas e uma lagoa de água doce que é das “mais belas que pode haver”, passando pelos miradouros e pela igreja de São Jorge. “A igreja de São Jorge é das mais antigas da ilha e muitas vezes os turistas que vêm à levada perguntam porque é que está fechada”. “E é pena!”.

Numa terra claramente marcada pelo envelhecimento da população, Tiago pede ainda mais oportunidades para que os jovens não precisem de emigrar, como ele fez e tantos outros.

O proprietário da Quinta Levada do Rei, António Júnior, pede mais manutenção aos percursos pedestres, não apenas para conferir segurança aos caminhantes, mas porque a natureza continua a ser um grande chamariz para todo o concelho. Nos últimos tempos, o reparo vai concretamente para o percurso do Ribeiro Bonito, que se mantém encerrado por decisão do Instituto de Florestas e Conservação da Natureza.

“Estes tempos têm sido difíceis, mas o grande problema aqui é a levada, que neste momento está fechada pelas autoridades”, aponta, dizendo que as obras no percurso decorrem desde Dezembro e tem sido mau para o negócio. “As pessoas chegam e voltam para trás”.

“São Jorge precisava de um hotel, de uma grande superfície” para dar movimento à freguesia. Coisas que iam criar emprego. Mas “quem é que investe em São Jorge neste momento? Ninguém”, lamenta António Júnior, enquanto espera que o turismo retome, porque a verdade é que o mercado local não chega para pôr a economia a mexer.

Quem também espera pelos turistas e já agora por água é o senhor Manuel Matos. “Isto é o único moinho de água a funcionar na ilha da Madeira, como património cultural, com 320 anos e que funciona com a água que vem da Levada do Rei”, explica à nossa reportagem, dizendo que o espaço, que data de 1700, ‘padece’ com a falta de água que impede o moinho de funcionar a funcionar. Já na reforma, mas com uma pensão que “não é de doutor”, o freguês só quer que o deixem trabalhar. Antes da Covid-19 o moinho chegou a receber “mais de 16.802 visitantes”.

Também boa tem sido a aposta nos miradouros da freguesia. Mau é o facto de aqueles locais não disporem de casas de banho públicas. "É um mau cartaz" e já algumas vezes foram vistos turistas e outros visitantes a fazer as suas necessidades pelos cantos.

Uma outra freguesa estabelece como prioridade para a freguesia a resposta aos idosos. O anúncio de um lar, no edifício que albergou a escola do 2º e 3º ciclos, vai ajudar, mas não é suficiente. “Institucionalizar nem sempre é a solução". O que falta é “personalizar o serviço ao domicílio”, sem nunca esquecer que “um dedinho de conversa também dá saúde”.