Cerca de 400 mil pessoas em situação de fome no Tigray, na Etiópia
Cerca de 400 mil pessoas estão em situação de fome na região etíope de Tigray, e outros 1,8 milhões à beira dela, estimaram hoje as Nações Unidas (ONU), alertando para a situação "dramática" que se vive na região.
O chefe das missões humanitárias em exercício, Ramesh Rajasingham, advertiu o Conselho de Segurança de que as vidas de muitas dessas pessoas dependem da disponibilização imediata de ajuda humanitária.
A ONU denunciou, nos últimos dias, dificuldades em chegar às pessoas que estão a necessitar de assistência em Tigray, apesar de o Governo da Etiópia ter anunciado, na segunda-feira, um cessar-fogo unilateral que colocou um ponto final numa ofensiva militar que durou oito meses.
Nesse sentido, a ONU exortou os rebeldes das Forças de Defesa de Tigray a "aprovar imediata e completamente o cessar-fogo" decretado pelo Governo etíope na região, disse a secretária-geral da ONU para os Assuntos Políticos, Rosemary DiCarlo.
"Um cessar-fogo respeitado por todas as partes facilitaria não só a entrega de ajuda humanitária, mas seria também um ponto de partida para os esforços políticos necessários para encontrar uma saída para a crise", disse DiCarlo na abertura da primeira reunião pública, desde novembro. do Conselho de Segurança da ONU.
Antes da reunião, várias organizações não-governamentais como a Human Rights Watch ou a Oxfarm apelaram, também, a uma aplicação efetiva do cessar-fogo, tendo esta última pedido para que seja estudada a possibilidade de estabelecer uma ponte aérea com Tigray para facilitar a entrega de ajuda humanitária.
O Tigray é palco de combates desde o início de 04 de novembro de 2020, data em que o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, enviou o Exército etíope para desalojar a TPLF, partido eleito que então governava o estado etíope no norte da Etiópia, e que vinha há vários meses a desafiar a autoridade de Adis Abeba.
Abiy justificou a operação militar como resposta a um ataque prévio das forças estaduais do Tigray a uma base do Exército federal.
Desde o início do conflito, milhares de pessoas morreram e quase dois milhões foram deslocadas internamente, enquanto pelo menos 75.000 fugiram para o vizinho Sudão, de acordo com números oficiais.