Profissionais de educação denunciam despedimento de 2.000 trabalhadores não docentes
Cerca de 30 dirigentes sindicais e profissionais do sector da Educação concentraram-se hoje em frente ao Ministério da Educação, em Lisboa, para denunciar o despedimento de cerca de dois mil trabalhadores não docentes.
O coordenador da Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais, Sebastião Santana, disse à Lusa que há cerca de 1500 trabalhadores que foram contratados para responder às regras sanitárias e "que vão ver o fim dos seus contractos a 31 de Agosto".
A estes, continuou, somam-se "cerca de 500 trabalhadores que têm os contractos precários renovados anualmente desde 2017 e que mais uma vez estão à espera", continuando com "a casa às costas".
Nesta situação encontra-se a assistente operacional Madalena Campos, de 43 anos.
"Precisamos de mais pessoal [nas escolas] e estão a mandar-nos embora. Isto não é justo. Preciso de trabalho, estou a lutar pelo que quero e sou esforçada. Chega a esta altura e é sempre a mesma coisa: estamos em cima da ponte e não sabemos se nos devemos atirar ou não", desabafa.
Em igual estado de espírito e profissional está Linda Soares, de 47 anos, que diz sentir-se "angustiada e descartável".
"Com a covid-19 ainda precisam mais do nosso trabalho. Se formos embora, as escolas não vão ficar desinfectadas. Para além que vamos todos para o desemprego quando somos necessários", acrescenta.
Sebastião Santana sublinhou a Federação "já enviou vários ofícios ao Ministério tanto para saber o número exacto de trabalhadores [nesta situação], como para saber qual é a perspectiva de renovação destes contratos e até hoje permanece o silêncio absoluto".
O dirigente sindical considerou que é "uma questão elementar de justiça" contratar estes trabalhadores e afirmou que, mesmo assim, estariam "a faltar assistentes operacionais nas escolas".
É recorrente, observou, haver escolas "com um assistente operacional para cada cem alunos", o que "impossibilita a educação e formação na escola porque os ambientes circundantes são determinantes e têm de ser vigiados", ficando essa tarefa comprometida "com a ausência de trabalhadores não docentes".
A Federação exige "da parte do Governo, e do Ministério da Educação em particular, que cumpra com aquilo que vem na Constituição: uma escola pública de qualidade que só é possível com estes e outros trabalhadores que fazem falta".