Ordem dos Médicos reitera necessidade de nova matriz de risco
O bastonário da Ordem dos Médicos reiterou hoje a necessidade de rever a matriz de risco, defendendo que o indicador que há duas semanas propôs ao Governo permite perceber os efeitos da vacinação na evolução da pandemia da covid-19.
"A partir do momento em que a vacinação começou a acelerar, passamos a ter uma situação que não estava a ser contemplada na matriz de risco do Governo, que é a questão da gravidade da doença", disse à agência Lusa Miguel Guimarães no dia em que se realiza mais uma reunião de peritos no Infarmed sobre a situação epidemiológica em Portugal.
A proposta da Ordem dos Médicos (OM), desenvolvida em colaboração com o Instituto Superior Técnico, acrescenta aos dois indicadores existentes - incidência e transmissibilidade (Rt) - mais três: letalidade, internamentos em enfermaria e internamentos em unidades de cuidados intensivos.
Estes indicadores, explicou o bastonário, permitem avaliar a gravidade da doença, refletindo também os efeitos da vacinação contra o SARS-CoV-2, e é isso que a Ordem gostaria de ver na matriz de risco do Governo, a quem enviou a nova matriz.
Por seu lado, o Ministério da Saúde disse à Lusa que esses dados já são considerados nas decisões sobre a pandemia, a mesma justificação dada também à OM numa carta entregue na segunda-feira, e remeteu eventuais alterações para depois da reunião do Infarmed, que decorre hoje.
"Nós cumprimos a nossa missão", disse Miguel Guimarães, considerando que os novos indicadores são "a melhor forma de proteger a economia e a saúde".
"Este indicador, como engloba e tem a ponderação dos vários dados, dá-nos a imagem real daquilo que está a acontecer", disse ainda.
E segundo a proposta da OM para uma nova matriz de risco, a situação epidemiológica tem tido uma evolução positiva nos últimos dias: Estabelecendo o nível 100 como crítico e o nível 80 como de alarme, Portugal passou de 92,8 pontos no dia 13 de julho para 86 pontos no domingo.
"Neste momento, confortavelmente, podemos dizer que estamos a ter uma evolução favorável, uma evolução que nos permite respirar melhor e que permitirá ao Governo tomar decisões com uma evidência mais forte", disse o bastonário.
Essas decisões, acrescentou, não precisam de passar por um novo confinamento e poderiam até incluir uma maioria abertura.
Por outro lado, os novos indicadores permitem também identificar outras tendências que possam merecer uma atenção particular, relacionadas com o progresso da vacinação em Portugal, como o aumento da percentagem de jovens internados com covid-19.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 4.163.235 mortos em todo o mundo, entre mais de 194,1 milhões de casos de infeção pelo novo coronavírus, segundo o balanço mais recente da agência France-Presse.
Em Portugal, desde o início da pandemia, em março de 2020, morreram 17.301 pessoas e foram registados 954.669 casos de infeção, segundo a Direção-Geral da Saúde.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em países como o Reino Unido, Índia, África do Sul, Brasil e Peru.