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Venezuela acusa Presidente da Colômbia "de cinismo"

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A Venezuela acusou o Presidente da Colômbia de cinismo, por Iván Duque ter acusado Caracas de proteger guerrilheiros colombianos, em território venezuelano, e pedido aos Estados Unidos que declare o país promotor do terrorismo.

"Iván Duque não seja tão cínico. Você está à frente de um narco-Governo exportador de drogas e de violência. Uma fábrica de terroristas no poder que tem liquidado a opção de paz interna e envia mercenários para gerar violência e assassinar presidentes na região", escreveu, na segunda-feira, na rede social Twitter, o ministro das Relações Exteriores venezuelano, Jorge Arreaza.

Na segunda-feira, a Colômbia pediu aos EUA para declararem a Venezuela como um país promotor do terrorismo, por alegadamente proteger guerrilheiros colombianos do Exército de Libertação Nacional (ELN) e do Grupo Armado Residual (Gaor 33), composto por dissidentes da antiga guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).

O pedido foi feito pelo Presidente da Colômbia, Iván Duque, durante o III Seminário Internacional de Análise e Prevenção do Terrorismo Urbano, a decorrer em Bogotá, com a participação do embaixador norte-americano Philip Goldberg.

"É evidente que a anuência do regime ditatorial da Venezuela justifica uma declaração de parte dos Estados Unidos, também como um país que promove o terrorismo. E o objetivo dessa declaração não é apenas mostrar esta relação conivente e perniciosa, mas também para que possam tomar um caminho: ou continuar a patrocinar o terrorismo ou entregar os terroristas às autoridades dos países que os procuram", disse Iván Duque.

O pedido foi feito depois de o chefe de Estado colombiano ter afirmado que "há países que albergam, no seu território" os responsáveis pelo atentado recente contra o helicóptero em que viajou e contra uma base militar colombiana.

"O Gabor 33, por exemplo, está protegido em território venezuelano, Iván Márquez [dissidente das FARC] está na Venezuela, Romaña [Edision, dissidente das FARC] está na Venezuela. E estão lá também António Garcia [ELN] e 'Pablito' [Carlos Emílio Marín, também do ELN], apenas para mencionar alguns", disse Iván Duque.

O pedido de Duque surgiu depois de em 10 de julho, o Governo do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, acusar a Colômbia de armar e financiar grupos criminosos que tentaram tomar o controlo da zona oeste de Caracas (Cota 905), ocasionando violentos confrontos com as forças de segurança venezuelanas.

O Governo venezuelano indicou ter sido desmantelado um plano para assassinar Maduro, provocar "uma insurreição popular armada a partir dos bairros de Caracas" e gerar "uma guerra civil entre venezuelanos".

Entretanto, as autoridades venezuelanas anunciaram ter destruído um laboratório de processamento de droga e confiscado armamento de guerra proveniente da Colômbia e dos Estados Unidos, que estaria em posse dos criminosos do grupo Cota 905.

Em 13 de julho, o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, eleita em dezembro de 2020 e controlada por apoiantes do Governo de Maduro, Jorge Rodríguez, anunciou, em conferência de imprensa, a apreensão de "armas de guerra, fornecidas pelo Governo colombiano, que se aliou a estes bandidos para começar a matar pessoas nos túneis de La Planície, na autoestrada Cacique Guaicaipuro" em Caracas.

Em 22 de julho, o ministro da Defesa colombiano, Diego Molano, acusou a Venezuela de envolvimento nos ataques contra a Brigada Militar 30, no norte de Santander, e contra o helicóptero em que viajava Duque, ocorridos em 15 e 26 de junho, respetivamente.