Presidente do Parlamento da Tunísia faz protesto diante da Assembleia Nacional
O presidente do Parlamento da Tunísia participou hoje numa manifestação em frente à Assembleia, depois de ter sido impedido de aceder ao local por militares, um dia após a suspensão dos trabalhos parlamentares pelo Presidente tunisino.
Algumas centenas de apoiantes do Presidente tunisiano, Kaïs Saïed, reuniram-se em frente ao Parlamento, em Tunes, e proferiram frases contra o partido Ennahdha, de inspiração islâmica, o principal partido parlamentar liderado pelo presidente do Parlamento, Rached Ghannouchi.
Este grupo de manifestantes também impediu que os apoiantes do Ennahdha se aproximassem do Parlamento.
Os dois lados trocaram insultos e atiraram pedras e garrafas uns contra os outros, segundo um fotógrafo da agência de notícias AFP.
Rached Ghannouchi e membros do Parlamento foram ao local às 03:00, horário local (a mesma hora em Lisboa), mas ficaram retidos do lado de fora, atrás de portas encerradas e guardadas por soldados.
Rached Ghannouchi liderou o seu protesto a partir do carro.
Na noite de domingo, o Presidente Saïed anunciou o "congelamento" das atividades do Parlamento por 30 dias, "uma decisão que deveria ter sido tomada meses atrás", segundo o chefe de Estado.
Saïed também decidiu remover o chefe do Governo, Hichem Mechichig, de seu posto.
Saïed disse que assumirá o poder executivo "com a ajuda de um governo cujo presidente será nomeado pelo chefe de Estado", anunciou após um encontro de emergência no Palácio de Cartago com funcionários das forças de segurança.
O impasse que já dura há seis meses entre Ghannouchi e Saïed está a paralisar o Governo e a perturbar os poderes públicos.
A população tem dado sinais de estar cansada de assistir a lutas de poder entre os partidos com assento parlamentar e ao impasse entre o líder do Parlamento e o Presidente.
Sondagens indicam também que a população está insatisfeita com a resposta governamental à pandemia de covid-19, que já provocou quase 18.000 mortes no país de 12 milhões de habitantes, sendo o país com uma das piores taxas de letalidade do mundo.