Calheta, um concelho com vocação para produzir
O concelho da Calheta, essencialmente rural, coberto por vasta vegetação e floresta, é o mais extenso de todos os do arquipélago, correspondendo a 15% da superfície total da Ilha da Madeira. Este concelho foi sempre fustigado por severos incêndios florestais, nas últimas décadas, causados pelo abandono da floresta e da falta de pastoreio em movimento nas zonas de transição. Paralelamente, verificou-se ao longo do tempo o abandono progressivo da atividade agrícola, o que expõe os terrenos aos fenómenos naturais e humanos.
Considerando a desertificação do concelho, as consequências do abandono da atividade agropecuária e florestal, a dispersão da população pelo território, a aproximação dos aglomerados populacionais à floresta, associado aos fenómenos climáticos extremos a segurança e resiliência do território passou a constituir uma preocupação efetiva, sendo fundamental apostar em modelos extensivos de produção que promova a ocupação sustentada do território minimizando os riscos atuais de um mundo rural abandonado. O concelho da Calheta foi um importante produtor de hortícolas e cereais, mas há muito que deixou de ser, infelizmente.
Outra das atividades tradicionais deste concelho, a produção de bovinos, é uma das que ficaram comprometidas e que são essenciais para a conjugação entre o homem e o espaço natural, pois ajuda na preservação do espaço rural. Nas palavras da Secretária Regional, Susana Prada, não existe mais produção de bovinos e apascentação, na Calheta, porque as pessoas não querem.
Já a prevenção contra incêndios florestais passa também por criar e manter condições nos terrenos baldios e florestais públicos e privados que evitem a ignição e rápida propagação de fogos que põem em risco tanto produções agrícolas como habitações, com largos prejuízos não só para os cidadãos, como para a administração pública e vários setores da economia, nomeadamente o turismo.
Para a floresta é preciso promover medidas de gestão florestal ativa, criando condições para o envolvimento da população nomeadamente através do pagamento pelos serviços do ecossistema que decorrem de espaços florestais dinâmicos e bem geridos.
O concelho da Calheta poderia ser muito produtivo nesse domínio pois há uma área muito vasta de terrenos baldios e de floresta que não estão neste momento a produzir, mas de pouco mais servem do que a produção de combustível fóssil para facilitar a propagação de fogos.