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Presidente da Bielorrússia promete manter perseguições a ONG e imprensa

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Foto EPA/ALEXEI NIKOLSKY/SPUTNIK/KREMLIN / POOL

O Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, garantiu ontem que vai continuar as perseguições a ativistas da sociedade civil, os quais considera "bandidos e agentes estrangeiros".

Lukashenko repreendeu os funcionários do seu Governo por estes continuarem a permitir as atividades de organizações não-governamentais (ONG), sublinhando que são "prejudiciais ao Estado". 

"Está em andamento uma operação de limpeza. Acham que é fácil? Existem milhares de pessoas que trabalham para elas [ONG] e os seus cérebros são distorcidos depois de sofrerem lavagens cerebrais com dinheiro estrangeiro", argumentou.

Nas últimas semanas, as autoridades bielorrussas aumentaram as rusgas e buscas, bem como o número de detenções de jornalistas independentes e ativistas da sociedade civil.

O Centro de Direitos Humanos de Viasna, com sede em Minsk, denunciou que, só este mês, as forças de segurança do país realizaram mais de 200 buscas em escritórios e apartamentos de jornalistas e ativistas, tendo detido 11 deles.

A Associação de Jornalistas da Bielorrússia denunciou também que, pela segunda vez este mês, as autoridades de segurança invadiram o apartamento da jornalista 'freelancer' Tanya Smotkina, na cidade de Hlybokaye, para a interrogar sob a acusação de "incitação a conflitos".

Na semana passada, Ina Studzinskaya, jornalista que trabalhava para a emissora RFE/RL, financiada pelos Estados Unidos, entrou em greve de fome para protestar contra a recusa das autoridades em permitir o acesso a um advogado, acrescentou a associação.

O vice-diretor da associação, Boris Goretsky, disse que Studzinskaya foi mantida numa cela sem colchão, onde as luzes eram mantidas acesas 24 horas por dia.

No total, referiu a associação, 31 jornalistas bielorrussos estão sob custódia, a aguardar julgamento ou já a cumprir penas de prisão.

Quarta-feira, o Ministério da Justiça bielorrusso pediu ao Supremo Tribunal de Justiça o encerramento da Associação de Jornalistas da Bielorrússia por supostas falhas nos documentos do arrendamento dos escritórios. 

A associação respondeu à queixa e disse que não podia fornecer os documentos necessários para responder às acusações porque a sua sede foi encerrada numa operação policial realizada também na semana passada.

Lukashenko tem enfrentado meses de protestos desencadeados pela sua eleição para um sexto mandato nas eleições de agosto de 2020, que a oposição e o Ocidente consideram fraudulentas.

O Presidente bielorrusso tem respondido às manifestações com uma forte repressão. Mais de 35.000 pessoas presas e outras milhares foram espancadas pela polícia.

Svetlana Tikhanovskaia, principal adversária eleitoral de Lukashenko e que esteve na origem da contestação, foi perseguida pelas forças de segurança bielorrussas, mas conseguiu refugiar-se na vizinha Lituânia.

Na semana em curso, Tikhanovskaia visitou os Estados Unidos, onde se reuniu com funcionários da Administração de Joe Biden, bem como com responsáveis do Senado e do Congresso para angariar apoio financeiro para a oposição bielorrussa. 

"Quando me olham nos olhos, veem os olhos de cada prisioneiro político, de cada ativista, de cada bielorrusso que deseja viver em um país livre", disse Tikhanovskaia aos membros do Congresso norte-americano.