Madeira

Há forma de não ficar mal no retrato

None

Boa noite!

Na edição de hoje do DIÁRIO demos destaque à sondagem autárquica que antevê eleições renhidas no Funchal.

Para além dos lugares comuns aos quais os políticos recorrem quando chamados a comentar estudos de opinião - que “nenhuma sondagem ganha eleições”, que “as sondagens valem o que valem” e que “ainda é cedo para analisar candidaturas”! - , o que o estudo de opinião assente em 1.525 respostas validadas mostra é que:

- O retrato do momento, que não visa antecipar resultados eleitorais, mas apenas medir tendências a dois meses das eleições, deixa bem claro que só há duas candidaturas capazes de ganhar a Câmara do Funchal.

- Está tudo em aberto, com diferenças mínimas, o que vai exigir muito trabalho no terreno, muito ‘porta à porta’ num contexto ainda adverso e muita proposta concreta, para que cada um possa decidir em função daquilo que é útil e promissor.

- Para já a coligação ‘Confiança’ recupera fôlego e vai à frente na corrida autárquica no Funchal. A vantagem da candidatura liderada pelo actual presidente de Câmara Miguel Silva Gouveia é de quatro pontos percentuais em relação à aliança PSD-CDS, a mesma que sustenta o executivo madeirense e que por sinal é encabeçada pelo vice-presidente do Governo, Pedro Calado.

- Ao manter-se no Governo até ao limite tolerável, Pedro Calado tem garantida uma exposição mediática acima da média e palco noticioso para toda a Região, mas resta saber se tem tempo para os contactos directos com quem o vai eleger. Ou seja, ou sai quanto antes do executivo para dedicar-se por inteiro à campanha que lhe dá votos ou acumula os papéis e vai passar o tempo desfocado pois, por muito que seja capaz, não será fácil conseguir desempenhar duas missões distintas com a lucidez e serenidade recomendadas.

- Depois de apresentadas as equipas, os efeitos dos trunfos de Miguel Silva Gouveia valem mais do que aqueles que Pedro Calado lançou com alguma antecedência. A ‘Confiança’ obteve este mês o melhor dos três resultados em sondagens do DIÁRIO. Pedro Calado conseguiu o máximo em Março, quando ainda nem tinha equipa.

- A dispersão de votos à direita pode ser prejudicial à candidatura de Pedro Calado.

- Miguel Silva Gouveia complicou o trânsito e está a apanhar por tabela. Já devia ter aprendido com outras ideias peregrinas de curta duração, mas de grande desgaste político.

- Um e outro devem saber com quem estar e onde, em cada momento. Não vale a pena encher espaços com excursões encomendadas, nem recorrer a factores de distração e a ruídos de fundo, produzidos por figuras gastas e conflituosas.

- A sondagem foi encomendada e paga pelo DIÁRIO. Se o deputado António Lopes da Fonseca desconfia que foi obra dos socialistas, tem remédio. Consulte quanto antes um especialista. As alucinações podem ser sintoma de algo bem mais profundo. Se o mesmo parlamentar centrista acha que nos estudos da Eurosondagem publicados pelo DIÁRIO o PS aparece sempre à frente dos outros partidos, então revela tremenda falta de memória. E isso até pode ter cura, desde que seja tratado a tempo. Se o maior camaleão da política regional dos últimos tempos acha que pode continuar a mentir de forma descarada e sem reparo, deve voltar ao negócio do ‘frango fumado’.