Justificações, desculpas, atenuantes e outras coisas mais!
O telemóvel tornou-se objecto perigoso quando utilizado em actividades com intenções perversas
Fazem-se agora muitos comentários sobre a democracia portuguesa, pelos distúrbios e contratempos que acontecem á volta dela, pondo em causa a sua vitalidade ... mas, como em tudo na vida, não pode ser a mão esquerda da mesma pessoa, a apagar aquilo que a mão direita um dia escreveu. As falhas clamorosas e generalizadas na fiscalização - privada ou do estado - são o grande problema funcional do país, ... começando no exercício dinâmico da própria democracia, terminando, por exemplo, na fiscalização do funcionamento dos sanitários públicos,... passando por tudo e mais alguma coisa, como bem podem estar a imaginar. A fiscalização no país é limitada, displicente e insuficiente, desonesta, permitindo erros, enganos, negligências, incumprimentos ... e concerteza negócios ... a todos os níveis. Fazendo talvez recordar, que na época da ditadura tal não acontecia!
Na geometria comunicativa actual, ... na televisão, na rádio, nos grupos dos “sociais-escritores”, ... quando é referida uma mentira, intencional, quatro ou cinco vezes seguidas, essa mentira assume o estatuto de verdade verdadeira e quase indiscutível! Aqueles que recentemente se tornaram detentores da utilização da língua portuguesa, pós- acordo ortográfico, até falam de “inverdades” ou de “menos verdade” ... como se essa palavra ou essa expressão, evitassem ou atenuassem, não se tratar de uma mentira declarada, pretendendo considerar uma variante desfocada da realidade.
Entrando mais propriamente no tema escolhido ... neste momento preciso, qualquer acontecimento mais impróprio, menos legal ou deveras fracturante, está a ser manipulado ou mutado, com justificações, desculpas, seguidamente com as atenuantes, precavendo de certa maneira qualquer desfecho fatal que descambe nas instâncias judiciais. Todo e qualquer acontecimento irregular hoje ocorrido, é justificado sem qualquer nexo ou contexto, utilizando motivos inadmissíveis, para tentar remediar os erros, as omissões, as falhas técnicas, os abusos de poder, os roubos, ... sem quaisquer rodeios, passando por cima de tudo e de todos. Pessoas singulares, directores e chefes de secção em empresas de serviços, políticos, ... com algumas excepções, pois claro, ... têm justificações para tudo o que acontece de errado e desculpas as mais descaradas para estes chamados “crimes de bairro”. Assim, a classe política que controla o rectângulo e governa a nação, é aquela que mais ultrapassa os limites da decência, da educação, com cenários de desvario e disparates, em casos evidentes, passíveis de investigação criminal, ... que todos sabemos e bem conhecemos... desde os “negócios” ligados aos incêndios até ao recente atropelamento fatal de um trabalhador no seio do seu local de trabalho.
Também se fala muito sobre a justiça, dos processos atrasados, na lentidão das decisões, quando na realidade são muitas das nossas leis - algumas delas desenquadradas das realidades actuais - que permitem, interrupções, recursos, provocando bloqueios e “degraus” na evolução dos processos que estão a ser avaliados. E quando um determinado partido político pretende uma revisão dessas leis aberrantes e protectoras das disrupções processuais, ninguém no hemiciclo quer saber ou reconhecer esse desígnio. Como exemplo , refiro que no Reino Unido, os indivíduos sentenciados com prisão efectiva, quando apresentam um recurso, aguardam o seu resultado dentro do estabelecimento prisional.
Um outro exemplo de veículo promotor de excessos, provocações, escândalos e até de crimes, são os telemóveis, que nasceram para facilitar as comunicações e agora representam um manancial de colheita de imagens, de divulgação de ocorrências, notícias, umas verdadeiras e saudáveis, outras declaradamente falsas, muito problemáticas, com interferências nefastas na população, nas suas decisões ou na sua privacidade. O poder do telemóvel explodiu, tornando-se um objecto perigoso quando utilizado em actividades com intenções perversas. Mais tarde, quando são conhecidos os seus efeitos nefastos, não se distinguindo com facilidade a verdade da falsidade, voltamos a ouvir as desculpas, as justificações e depois as atenuantes. Na política, assim como na esfera militar, o chefe e o sub-chefe nunca erram! Porque o erro, quando existe, é investigado e decifrado noutro andar do mesmo edifício onde tudo ocorreu, ... depois sobrando para os alternos, para os sub-alternos, afinal os “peões” que estão a cumprir ordens superiores, ... que mais tarde serão julgados internamente e depois exonerados ou deportados, consoante a gravidade do acontecimento.
E assim vamos vivendo no mundo lusitano, onde a fiscalização é incompetente e muito responsável pela degradação constante do nosso país! Alguém escreveu que o governo devia ir de férias! Acho que deviam ser férias definitivas!
E já agora, também desejo boas férias .... a quem merece, ... pela segunda vez, com distanciamento e com proteção e higienização adequadas.