Mercado dos Lavradores

Passei para deixar umas palavras em relação ao noticiado pelo Diário no passado dia 21 de Julho, em relação ao Mercado dos Lavradores.

Sou emigrante, vivo em Espanha e levei um grupo de amigos comigo a visitar a ilha por um período de duas semanas. Em termos gerais, a imagem que ficaram da Madeira foi muito boa e desejam voltar um dia mais tarde, mas não ao Mercado dos Lavradores. Eles chamaram de ‘armadilha para turistas’ e que mesmo visitando comigo, um madeirense, não escaparam à ganância e má conduta dos que lá trabalham. Quero acreditar que não são todos, mas os episódios foram vários.

Visitámos o mercado em dois dias distintos, numa quarta e numa sexta-feira. No primeiro dia chegámos ao mercado e o senhor responsável por um dos dois pontos de venda do andar inferior rapidamente ganhou a nossa atenção para a sua oferta variada de frutas e legumes.

O grupo provou algumas das frutas, cada uma mais doce do que a outra. Aproveitei para ir tomar um café e quando voltei, um dos meus amigos informou-me que pagou 8 euros por dois maracujás. Dois maracujás! Continuámos a nossa visita e passávamos, desta feita, pelas vendedoras de flores que me perguntaram ¨Você é um guia dos bons, ou não vem aqui para nos ajudar? ¨. Esperavam então que eu convencesse o grupo a comprar algum produto.

Inseguros sobre a forma como estavam a ser tratados no mercado, acabaram por não comprar mais nada.

Na sexta-feira, confiante de que a presença de agricultores locais (e consequentemente mais oferta) poderia mudar um pouco a imagem que ficaram do Mercado, decidimos visitá-lo novamente. Pelo meio da confusão, acabámos por separar-nos, um dos vendedores que montou o seu posto na praça deu a provar um tipo de fruta que interessou a um dos meus amigos. Compraram. Ao chegarem a casa, constataram que ao abrir a fruta não tinha nada a ver com o que tinham provado, nem cor, nem textura, nada. Os tais dois maracujás também adquiridos no primeiro dia, aparentemente nem com açúcar conseguiam aproximar-se ao sabor que lhes foi ‘vendido’, por isso questiono-me se realmente é só açúcar que colocam na fruta de amostra.

Nada justifica esta postura dos pequenos comerciantes. Não é pelo COVID ou a crise que o fazem, pois já acontecia antes da pandemia. É uma questão de tempo, um tiro nos próprios pés. A experiência do turista deve ser algo que todos os madeirenses deveriam ter em consideração, porque estamos a falar da nossa imagem que vai circular pelo mundo. Os turistas que nos visitaram são os novos vendedores do nosso destino por esse mundo fora.

Por favor, sejam transparentes e tratem os turistas como qualquer outro madeirense: com respeito, com dignidade e com confiança no excelente produto que a Madeira tem para oferecer.

João Camacho