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Governo venezuelano condiciona diálogo com oposição à assinatura de acordo de não violência

Jorge Rodríguez, presidente da Assembleia Nacional (controlada pelo chavismo).
Jorge Rodríguez, presidente da Assembleia Nacional (controlada pelo chavismo)., Foto EPA

O Governo venezuelano condicionou, na terça-feira, um possível diálogo com a oposição à assinatura de um compromisso de não violência e acusou a imprensa internacional de silenciar as denúncias de planos golpistas dos oposicionistas.

"Nós vamos dialogar apenas com os atores que nos assinem um papel e se comprometam a abandonar qualquer ação de violência", disse o presidente do parlamento, controlado pelo chavismo.

Jorge Rodríguez falava durante uma sessão parlamentar em que voltou a acusar a oposição de estar relacionada com os grupos criminosos que realizaram, recentemente, violentos confrontos com as forças de segurança na Cota 905 (zona oeste de Caracas).

O presidente do parlamento apelou aos partidos políticos a "abandonarem os expedientes das solidariedades automáticas" e sublinhou que "as tentativas de desestabilização não respeitam a ideologia política das pessoas".

"Estamos dispostos a qualquer negociação sempre e quando se sentem a falar com o Governo legítimo que é presidido por Nicolás Maduro", frisou o político.

Por outro lado, sublinhou que, "apesar de terem sido revelados os planos golpistas contra a Venezuela", a imprensa internacional "fez caso omisso das denúncias".

Rodríguez disse que há casos em que demoram "até seis meses para dizer que as denúncias que fazemos são verdadeiras", porque "para eles a única prova que aceitam é o corpo sem vida de um dirigente da revolução".

O político venezuelano explicou que em 25 de fevereiro de 2019 a Venezuela denunciou uma incursão militar, mas a denúncia foi desvalorizada pela imprensa.

"Oito semanas depois, a imprensa reconheceu que era como denunciámos, e o mesmo aconteceu quando denunciámos acampamentos de paramilitares da Colômbia, e passou-se tal e qual com a Cota 905. Nós denunciámos e a imprensa mais uma vez calou", acusou.

Em 13 de julho, o Governo venezuelano voltou a acusar a oposição de estar a armar, com o apoio da Colômbia, "criminosos para desestabilizar" o país, e pediu a detenção dos opositores Gilber Caro, Luís Somaza, Hasler Iglesias e Emilio Graterón, do partido opositor Vontade Popular.

A acusação foi feita por Jorge Rodríguez, presidente da Assembleia Nacional (controlada pelo chavismo), durante uma conferência em que acusou os opositores de envolvimento em planos de conspiração para assassinar Nicolás Maduro e pediu ao Ministério Público que ordene que sejam detidos.

Em 12 de julho, as autoridades venezuelanas tentaram, sem sucesso, deter o líder político opositor Juan Guaidó, acabando por deter, entretanto, o ex-vice-presidente do parlamento, o oposicionista Freddy Guevara.

Guevara, de 35 anos, será acusado dos crimes de "atentado contra a ordem constitucional, associação para cometer um crime e traição à pátria" por "ligações a grupos extremistas e paramilitares associados ao Governo colombiano".