Enviado dos EUA exorta Pequim a cooperar com Washington nas questões climáticas
O enviado especial norte-americano para o clima, John Kerry, exortou hoje Pequim a cooperar com Washington na luta contra as alterações climáticas, defendendo que este "teste" à escala global deve envolver "aliados, parceiros, concorrentes e até adversários".
"A crise climática é o teste dos nossos tempos, e embora possa estar a desenrolar-se em câmara lenta, para alguns, este teste é tão agudo e existencial quanto qualquer outro anterior. O tempo está a esgotar-se", afirmou John Kerry, nomeado em novembro de 2020 pelo Presidente norte-americano, Joe Biden, para o cargo de enviado especial de Washington para as questões climáticas.
O antigo secretário de Estado norte-americano falava num evento nos jardins botânicos Kew Gardens em Londres, declarados em 2003 Património Mundial da UNESCO (agência da ONU), onde cientistas se encontram a trabalhar na proteção das plantas perante o aquecimento global.
Na intervenção, John Kerry desafiou os líderes mundiais a acelerarem as ações necessárias para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, para travar o aumento das temperaturas e para tirar o mundo da "beira do abismo", mencionando as alianças internacionais que reconstruíram a Europa após a Segunda Guerra Mundial como um modelo de luta contra as alterações climáticas.
"Aliados, parceiros, concorrentes e até adversários" devem trabalhar juntos, reforçou o representante, descrevendo a próxima década como "decisiva".
A China, os Estados Unidos da América (EUA) e a Índia são os maiores emissores mundiais de gases com efeito de estufa, o que significa que todos os esforços para controlar as alterações climáticas poderão fracassar caso estes três países não liderem a redução das emissões.
No evento nos Kew Gardens, John Kerry abordou a relação frequentemente tensa entre os EUA e a China, defendendo, no entanto, que o futuro depende da cooperação entre Washington e Pequim.
Segundo o antigo chefe da diplomacia norte-americana, os dois países também precisam de elevar as suas ambições em matéria ambiental.
"Não é um mistério que a China e os EUA têm muitas diferenças. Mas sobre o clima, a cooperação é a única forma de libertarmo-nos do atual pacto de suicídio partilhado do mundo", sublinhou.
E reforçou: "Tanto o Presidente Biden como o Presidente Xi [Jinping] declararam inequivocamente que cada um irá cooperar em matéria de clima, apesar de outras diferenças consequentes. A América precisa que a China tenha sucesso na redução das emissões. A China precisa que a América faça o mesmo".
Prevista para novembro em Glasgow (Escócia, Reino Unido), a 26.ª Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (COP26) está a ser encarada pelos seus organizadores como "a última melhor oportunidade do mundo".
O principal objetivo do encontro é que os países estabeleçam metas "ambiciosas" para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa até 2030.
Assinado em dezembro de 2015 durante a conferência das Nações Unidas sobre o clima (COP21) na capital francesa, o Acordo de Paris, um compromisso à escala global, apontava a meta de limitar o aumento da temperatura média mundial "bem abaixo" dos 2ºC em relação aos níveis pré-industriais e de envidar esforços para limitar o aumento a 1,5ºC.
O alcance de tal meta está assente, entre outros princípios, na aplicação de medidas que limitem ou reduzam a emissão global de gases com efeito de estufa.